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sábado, 9 de janeiro de 2016

Pequeno Catecismo sobre o Santo Rosário


Qual é origem do Rosário?

“Desde que o Rosário foi composto, em princípio e substância, pela Oração de Cristo (Pai-Nosso) e a Saudação Angélica (Ave-Maria), sem dúvida, constituiu a primeira devoção dos fiéis e tem sido usado pelos séculos, desde o tempo dos apóstolos.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 2º rosa)


Como surgiu o uso de contas?

Já no século início do século IV, São Pacómio, que tinha dificuldades para ler e recitar o Breviário (Os Salmos e outras orações) usava pedrinhas para contar até 150 Saudações Angélicas.


Como se estabeleceu o uso atual?

“Foi somente no ano de 1214, que a Santa Madre Igreja recebeu o Rosário na sua forma presente e de acordo com o método que usamos hoje. Ele foi dado à Igreja por São Domingos que o recebeu da Bem-Aventurada Virgem como um meio poderoso para converter os albigenses e outros pecadores.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 2º rosa)



Em que consiste a oração do Rosário?

“O Rosário constitui-se de duas realidades: a oração mental e a oração vocal. No Rosário, a oração mental é nada mais que uma meditação sobre os principais mistérios da vida, morte e glória de JESUS CRISTO e de Sua Santíssima Mãe.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 1º rosa)


Em que consiste a oração vocal do Rosário?

“A Oração vocal consiste em se rezar quinze dezenas de Ave-Marias, cada dezena precedida de um Pai-Nosso.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 1º rosa)


Em que consiste a oração mental do Rosário?

Consiste em rezar a oração vocal, “enquanto que ao mesmo tempo medita-se e contempla-se as quinze virtudes principais que JESUS e Maria praticaram, nos quinze mistérios do Santo Rosário.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 1º rosa)


O que é o Terço?

Chamamos Terço, cada grupo de cinco dezenas em que se contemplam cinco mistérios.


O que se medita em cada Terço?

“Nas cinco primeiras dezenas nós devemos honrar a Jesus e Maria nos cinco Mistérios Gozosos e meditá-los; nas segundas cinco dezenas os Mistérios Dolorosos e no terceiro grupo de cinco, os Mistérios Gloriosos.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 1º rosa)


Pode-se rezar somente um Terço diariamente, ao invés do Rosário completo?

Sim. Em 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora assim pediu em Fátima: “Rezai o terço todos os dias.”


Há um método específico para tanto?

Sim. Para que durante a semana rezemos o Rosário completo, a Igreja estabeleceu o costume de rezar um grupo de mistérios em particular, conforme o dia da semana. Assim, segundas-feiras e quintas-feiras rezam-se os Mistérios Gozosos. Terças-feiras e sextas-feiras contemplam-se os Mistérios Dolorosos. Quartas-feiras, sábado e Domingo meditam-se os Mistérios Gloriosos.


Quais são os defeitos mais comuns ao se rezar o Rosário em particular?

“O primeiro é o perigo de não pedir qualquer graça. (...) De modo que, sempre que se reze o Rosário, tenha certeza de pedir alguma graça especial. Peça o auxílio de Deus em fomentar uma das maiores virtudes cristãs ou que Ele o auxilie a combater os seus pecados.” O segundo grande defeito que muitas pessoas fazem ao rezarem o Rosário é somente querer chegar ao final. (...) é realmente lamentável ver como a maioria das pessoas rezam o Santo Rosário. Elas o rezam extremamente rápido e murmurando, fazendo com que as palavras não sejam pronunciadas claramente.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 44º quarta rosa)


Há uma forma mais querida por Deus para se rezar o Terço, ou o Rosário?

“Há várias formas de rezar o Santo Rosário, mas a que dá a maior glória a Deus Todo-Poderoso, que faz o melhor por nossas almas e que o diabo mais teme que tudo mais, é a de rezar ou cantar o Rosário publicamente em dois grupos. “Deus Todo-Poderoso Se compraz quando as pessoas se reúnem em oração; os Anjos e os bem-aventurados unem-se para louvá-Lo incessantemente. Os justos na Terra em várias comunidades se juntam em oração comunitária de dia e de noite. Nosso Senhor Jesus Cristo recomenda expressamente a oração em grupos aos Seus apóstolos e discípulos e prometeu que sempre que dois ou três estiverem reunidos em Seu Nome, Ele estará no meio deles (Mt XVIII,20). “Como é maravilhoso ter Jesus Cristo no nosso meio! E a única coisa que temos que fazer para tê-lo no nosso meio é rezar o Rosário em grupo. Eis porquê os primeiros cristãos geralmente se reuniam para ora, apesar das perseguições do Império Romano e do fato de que as reuniões fossem proibidas. Eles preferiam se reunir mesmo com o risco da morte, do que perder os encontros, nos quais Jesus estava presente.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 46º rosa)


Que frutos podem-se esperar da oração em comum?

Vários, os principais são:

“1 – Normalmente nossas mentes ficam mais atentas quando em oração pública do que quando oramos em particular;

“2 – Quando oramos em grupo, a oração de cada um pertence a todos nós e estas se ajuntam em uma oração ainda maior, a fim de que se alguém não está orando bem, outra pessoa na mesma reunião que ora melhor estará compensando pela deficiência do outro. Desta forma, aqueles que são fortes seguram os fracos, os fervorosos inspiram os mornos, os ricos enriquecem os pobres, os ruins são contados juntamente com os bons. Como se pode vender o joio? Misturando-o facilmente com quatro ou cinco barris de trigo da melhor qualidade.

“3 – Quem reza o Rosário sozinho só ganha o mérito de um Rosário, mas se ele o reza junto com outras trinta pessoas, obtém-se o mérito de trinta Rosários. Esta é a lei da oração pública. Quão frutuosa, e quão vantajosa ela é.”

“4 – Urbano VIII (...) concedeu cem dias a mais de indulgência, totis quotis, sempre que o Rosário fosse rezado em dois coros. (...)”

“5 – A oração pública é muito mais poderosa que a oração individual para apaziguar a ira de Deus e obter a Sua Misericórdia.”

“6 - finalmente, quando as pessoas rezam o Rosário juntas é muito mais terrível ao demônio que em particular, pois na oração pública trata-se de um exército que o ataca.” (São Luiz de Montfort, O Segredo do Rosário, 46º rosa)


Quais são os defeitos mais comuns ao se rezar o Rosário em grupo?

A falta de “espírito de disciplina, sem o qual” o grupo reunido para rezar o Rosário “é como uma cabeça lúcida num corpo paralisado, incapaz de refrear os excessos dos membros, de estimulá-los e de formá-los. Sem disciplina os membros se deixarão arrastar pela tendência muito humana de trabalharem isolados, com o mínimo possível de controle” tentando impor métodos próprios de oração aos demais; “de se entregarem a obras ditadas pelo capricho do momento e de as fazerem como lhes aprouver. Que se poderá esperar de tal procedimento?” (Página 249 da versão de 1965)


Como isso se evita?

Isso se evita pela “disciplina voluntariamente aceita e consagrada às causas de Deus,” pois nela “reside uma das mais poderosas forças do mundo e esta disciplina torna-se irresistível, quando usada com firmeza, mas sem rigidez, e em perfeita harmonia com a Autoridade Eclesiástica." (Manual da Legião de Maria, 1965, página 249)


Então devemos usar nas reuniões de grupos de oração um método único?

Certamente. E por isso a FSSPX estabeleceu em muitas de suas missões e priorados um método próprio que evita desordens e confusões. Consiste em principiar pelo Credo, Pai-Nosso, Três Ave-Marias, os cinco mistérios correspondentes ao dia, a Oração de São Miguel Arcanjo, A Ladainha de Nossa Senhora, ou uma ladainha conforme o tempo litúrgico, a Oração a São José e terminando com a Oração “Senhor, dai-nos Sacerdotes”.


Essas orações podem variar?

Melhor não. "(...) Não é permitida qualquer alteração - para mais ou para menos - quer se trate” dos métodos usados por santos doutores ou "santos de devoção individual. O mesmo critério deve ser adotado sempre que a legitimidade de uma alteração possa oferecer matéria de discussão. Esta regra exige sacrifício é certo, mas outros já o fizeram.” Basta olhar o Priorado de São Paulo e ver quanto o gosto pela “Salve Regina” recitada nas orações particulares ocupa ainda lugar especial no coração dos fiéis. “É verdade que a tolerância” de métodos variáveis não seria “de per si, grave infração ao uso comum. Contém, todavia, o germe de divergência dentro do sistema” e é temerosa tal possibilidade. “Há a considerar ainda que a alma” da Igreja, sua unidade, sua catolicidade “se manifesta nas suas orações. Temos de convir que estas, pela sua exata uniformidade, devem ser símbolo da completa unidade de espírito, de coração, de regulamento e de prática (...)." (Manual da Legião de Maria, 1965, página 90)


Mais algum fruto se procede do usar um método único na oração em grupos?

Além de evitar qualquer espírito de divisão, quando sacrificamos nossa vontade para rezar conforme aos demais, podemos, sem dúvida, esperar que Nossa Senhora ame ainda mais nossa oração.


São proibidos então outros métodos de oração do Rosário em particular ou em família?

Não. Cada um pode em sua própria casa, ou em particular, usar dos diversos métodos que o “Espírito Santo inspirará àqueles e àquelas que mais fiéis se mostrarem a esta devoção”, (São Luiz Maria de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção, 235), quer seja aquele que se acostumou desde a infância, quer seja o método de algum santo de devoção.


É pecado deixar de rezar o terço?

Não é pecado deixar de rezar o terço, contudo, deixa-se de ganhar muitas graças, em especial as graças da recitação da Ave-Maria, como diz são Luiz de Montfort: “Não sei como isto acontece nem por que; entretanto é verdade, e não conheço melhor segredo para verificar se uma pessoa é de Deus, do que examinar se gosta ou não de rezar a Ave-Maria e o terço. Digo: gosta, pois pode acontecer que alguém esteja na impossibilidade natural ou até sobrenatural de dizê-la, mas sempre a ama e a inspira aos outros.” (Tratado da Verdadeira Devoção, 251)


A Ave Maria encerra em si alguma graça especial?

A Ave-Maria é a mais bela devoção depois do Pai-Nosso. “A salvação do mundo começou pela Ave-Maria, e a salvação de cada um em particular está ligada a esta prece; (...) foi esta prece que trouxe à terra seca e árida o fruto da vida, e (...) é esta mesma prece que deve fazer germinar em nossa alma a palavra de Deus e produzir o fruto da vida, Jesus Cristo.” (São Luiz de Montfort, Tradado da Verdadeira Devoção, 249)


As devoções à Ave-Maria e ao Terço são então penhor de salvação?

“Sempre se verificou que aqueles que trazem o sinal de condenação, como os hereges, os ímpios, os orgulhosos, e os mundanos, odeiam e desprezam a Ave-Maria e o terço. Os hereges ainda aprendem e recitam o Pai-Nosso, mas abominam a Ave-Maria e o terço. (São Luiz de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção, 250) Essas orações nos distinguem dos heréticos e nos marcam exteriormente como membros da Igreja Católica, fora da qual não há Salvação.


Fonte:
http://vashonorabile.blogspot.com.br/

Festa do Batismo do Senhor - O Batismo de Cristo e o nosso batismo

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 3, 15-16.21-22)
Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: "Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo".

Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer".
*
Celebrar o Batismo do Senhor é ocasião oportuna para que nós renovemos o nosso próprio batismo. Qual a conexão que existe entre esses dois acontecimentos – entre São João Batista que derrama água sobre a cabeça de Cristo e o sacerdote que, um dia, nos batizou e por cujas mãos fomos introduzidos na Igreja?
A resposta está no que fez Jesus ao receber o batismo no Jordão: ali, Ele purifica as águas e, segundo Santo Tomás de Aquino, institui o novo Batismo (cf. S. Th., III, q. 66, a. 2), que mais tarde estará significado na água descendente do lado aberto de Cristo (cf. Jo 19, 34) e, por todos os tempos, será ministrado a todas as nações (cf. Mt 28, 19). O batismo de João não podia perdoar os pecados, era apenas um batismo de penitência; o Batismo de Cristo, sim, apaga os pecados, sendo, portanto, um ato extensivo da Sua paixão, instrumento que Cristo instituiu para redimir a humanidade.
Não se pode entender, porém, o que seja essa remissão, sem a infusão da graça (cf. S. Th., I-II, q. 113, a. 2). Quando uma criança é batizada, não é como se um anjo, portando uma caneta, riscasse da listinha do infante o pecado original, ou da lista de um adulto os seus pecados pessoais. O que faz os pecados serem apagados é uma realidade chamada graça santificante, que é infundida na alma batizada, convertendo-a de inimiga em amiga de Deus. Essa graça nada mais é que a comunhão com Ele, a participação na vida divina (cf. 2 Pd 1, 4), uma semente de vida eterna implantada em nossos corações.
A mínima porção de graça santificante na alma do mais pequeno recém-nascido – lembra o Doutor Angélico – é maior do que todo o universo criado: bonum gratiae unius maius est quam bonum naturae totius universi (S. Th., I-II, q. 113, a. 9). Com ela não pode conviver o pecado, que é a ofensa a Deus, pelo que não é possível que uma pessoa possua a graça e esteja, ao mesmo tempo, no pecado: ou se é amigo ou inimigo de Deus, tertium non datur. Por isso, assim como os mártires preferiram morrer a cometer um só pecado mortal, devemos também nós estar dispostos a qualquer coisa para permanecer na amizade de Deus e manter a graça santificante em nossa alma.
Mais do que isso, porém, é preciso fazer crescer e frutificar essa semente. Para tanto, são necessárias ação e oraçãovida ativa vida contemplativacaridade  – realidades que alguns adeptos de certa "heresia da ação" procuraram cindir (cf. Menti Nostrae, n. 58), mas, que na verdade, são inseparáveis uma da outra.
Em primeiro lugar, é preciso fazer atos de amor cada vez mais intensos. Como para um atleta, cujo músculo não cresce se não for tensionado com pesos cada vez maiores, na vida da graça, quem não ama com cada vez mais fervor e generosidade vai pouco a pouco estagnando e caindo na rotina. Isso significa rezar com cada vez mais zelo a Liturgia das Horas; comungar com cada vez devoção Jesus na Eucaristia; recitar com cada vez mais atenção o Santo Terço etc. Para tanto, não se requer necessariamente que se aumente as horas de oração. Talvez isso seja necessário, mas o foco é aumentar o amor com que se fazem todas as coisas, até as mais pequenas.
Em segundo lugar, é importante rezar. O Evangelho de S. Lucas conta que foi "enquanto rezava" (v. 21) que "o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus" (v. 22). Para o Aquinate, essa verdade é extremamente significativa:
"Depois do batismo, o homem precisa da oração constante para entrar no céu; pois, mesmo que os pecados sejam perdoados pelo batismo, permanece a atração ao pecado que nos ataca interiormente, e o mundo e os demônios que nos atacam exteriormente. Por isso, claramente diz o Evangelho de Lucas que 'depois de ter sido batizado Jesus, e enquanto orava, se abriram os céus', porque a oração é necessária aos fiéis depois do batismo." (S. Th., III, q. 39, a. 5)
Assim, pois, não cresce na santidade quem não tem vida de oração, porque a oração é o ato de fé, o "cabo" que põe o homem em união com Deus e ajuda a fecundar toda a sua vida.

Cabe dizer uma última palavra com relação à heresia da ação. Não existe oposição nenhuma entre a vida ativa e a vida contemplativa, porque, na verdade, aquela não passa de uma extensão desta. Não é possível ser apóstolo de Cristo senão estando em profunda sintonia e união com Deus. Não basta dizer que "Deus nos usa" porque, falando em sentido lato, até os demônios são usados por Deus para fazer brilhar a glória dos justos, por exemplo. O que importa é que sejamos instrumentos livres e conscientes em Suas mãos, como foi a Virgem Maria, entregando toda a sua vontade à d'Ele. Só assim seremos ministros de Cristo, exercendo o nosso sacerdócio batismal e galgando rumo à estatura de Cristo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

Versão áudio

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
 2, 16-21)
Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito. No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe.
No dia em que temos a alegria de começar um novo ano de trabalhos e oração, a Santa Madre Igreja nos convida a celebrar o mais importante título com que a cristandade, desde as suas origens, tem honrado a Virgem Maria e, por meio dela, Aquele que por ela quis vir ao mundo. Referimo-nos à solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: dia de preceito, dia de mistério, dia de, com os olhos postos em nossa Mãe Dadivosa, renovarmos todo o conjunto de nossa santa fé católica. Antes, porém, de vermos quais propósitos a festa de hoje nos pode inspirar, olhemos de mais perto as doçuras e preciosidades que se escondem sob este tão grande e tão misterioso título com que a Virgem Santíssima é há séculos aclamada.
Desde antes de dar seu Filho à luz, Maria foi chamada por Santa Isabel a "mãe de meu Senhor" (Lc1, 43). E os evangelistas, por sua vez, não se envergonham de referir-nos o que a respeito de Cristo pensavam os nazarenos: afinal, não era Maria Sua mãe? (cf. Mt 13, 55). Com efeito, a "mãe de Jesus" (cf. Jo 2, 1; 19, 25), como carinhosamente lhe chama o discípulo a cujos cuidados seria confiada (cf.Jo 19, 26s), é sempre mencionada por sua relação Àquele que "ela concebeu do Espírito Santo como homem e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne" (CIC, § 495). Ora, quem é esse Filho, que é esse fruto bendito senão o própria a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Filho eterno a Quem o Pai, gerando-O desde sempre, transmite tudo o que é, tudo o que tem?
Sob o olhar da fé podemos descobrir aqui a belíssima conveniência dessa maternidade divina, em razão da qual quis o próprio Deus cumular de graças e enriquecer com uma santidade singular aquela que escolhera para dar à luz o Redentor. É esta, pois, uma verdade atestada já por São Paulo: "[...] quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, que nasceu de uma mulher" (Gl 4, 4): pois do mesmo modo como da substância de Adão Eva fora formada, ainda virgem e sem pecado, assim também o Cristo haveria de tomar parte na carne imaculada de Maria, toda pura e sempre intacta. Eis a justiça, eis a sabedoria com que Deus, servindo-Se dos mesmos instrumentos pelos quais a serpente fê-lo ruir, reergue o gênero humano sobre a humildade da nova Eva!
Indefectivelmente fiel à fé recebida dos Apóstolos, a Igreja nunca temeu confessar que Maria é, de fato, Mãe de Deus (Theotókos). Não porque o Verbo divino, ao fazer-Se carne, tenha nela tido origem, mas porque dela recebeu o santo corpo pelo qual operou a obra da nossa salvação; não porque a Virgem Deípara tenha gerado a natureza divina, mas porque deu à luz Cristo, verdadeiro Deus. Mãe de Deus, mãe de Nosso Senhor, mãe da Cabeça da Igreja: devido a esta grande e amável dignidade, não pode a Virgem Maria deixar de ser também mãe dos membros de Cristo, mãe nossa, à cuja proteção devemos recorrer. Mãe de Cristo Rei; rainha, portanto, dos homens e dos anjos. Mão do Divino Mediador; mediadora, portanto, para todos os que desejam ir a Jesus e, por meio d'Ele, ao Pai celeste.

Consagremos o ano que hoje começa aos cuidados desta Mãe admirável. Que ela, pondo-nos sob a proteção de seu manto maternal, nos preserve do pecado, nos ajude a vencer as tentações, nos dê força de vontade para querermos ser santos. Que ela nos faça perseverar, firmes e constantes, no serviço ao Senhor até o dia de nossa morte, por mais duro e áspero que seja o caminho. Que ao longo deste novo ano possamos associar-nos às dores da Mãe de Deus, a fim de um dia participarmos, ao seu lado, das alegrias que a sua divina maternidade conquistou para todos os redimidos pelo sangue de Cristo!