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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A Sacralidade do Natal

A Sacralidade do Natal - Introdução - Parte I



A Sacralidade do Natal - Natal nas cidades - Parte II



A Sacralidade do Natal - Natais brasileiros de outrora - Parte III



A Sacralidade do Natal - Natal Alemão - Parte IV



A Sacralidade do Natal - As Árvores de Natal - Parte V



A Sacralidade do Natal - Natal em Família - Parte VI



A Sacralidade do Natal - Ornatos e Enfeites Natalinos - Parte VII



A Sacralidade do Natal - Presépio e Escrituras - Parte Final




fonte: https://www.youtube.com/channel/UCnxnpaZDn809vAkAbxRJPzg

Lepanto | Frente Universitária & Estudantil

Perguntas e respostas sobre o Natal

Dom Henrique Soares da CostaBispo Diocesano de Palmares - PE, nos deu, em sua página no Facebook, uma catequese sobre o real significado do Natal que merece e muito ser compartilhado!






Que significa celebrar o Natal?

Significa celebrar NA LITURGIA, memorial do culto cristão, instituído por Jesus nosso Senhor, o mistério e a graça da Sua piedosa Vinda, da Sua graciosa Manifestação na nossa natureza humana e no nosso mundo, cumprindo as promessas feitas por Deus a Israel.


Que é esse MEMORIAL instituído pelo Senhor?

No Israel da Antiga Aliança, toda a obra salvífica do Senhor era celebrada anualmente nas festas instituídas pelo Senhor Deus: a Páscoa, Pentecostes, as Tendas, o Kippur, a Dedicação do Templo...
Tudo isto preparava para o Cristo nosso Senhor.

Ele veio, realizou a salvação e na noite em que foi entregue instituiu o Sacramento do Seu Corpo e do Seu Sangue, Memorial sagrado de tudo quanto Ele fez por nós, cumprindo tudo quanto Deus havia prometido.
Assim, no Sacramento da Ceia, no santo Sacrifício Eucarístico, toda a salvação torna-se presente: a criação do mundo, a história santa do antigo Israel, os atos e gestos salvíficos do Senhor, as graças dadas aos cristãos, a vida da Igreja e até mesmo a Sua Vinda no final dos tempos.

NA LTURGIA, pela força potente do Santo Espírito do Cristo imolado e ressuscitado, tudo, tudo absolutamente, em Cristo Senhor, torna-se contemporaneamente, simultaneamente presente, de modo que, para um cristão, celebrar os santos mistérios litúrgicos é entrar realmente e verdadeiramente em contato com o Mistério da nossa salvação e com cada um dos mistérios especificamente.

NA LITURGIA, toda a obra da salvação é-nos dada realmente: "Fazei isto em memória ( = memorial, zikaron, isto é, celebração ritual, eficaz e presentiiacante ) de Mim!"
O Natal é, então, celebração do quê?

É real e verdadeira celebração da Manifestação, da Vinda do Senhor na nossa carne mortal.
Celebrar a Eucaristia no Natal é tornar realmente presente sobre o Altar como oferta ao Pai no Espírito Santo o Cordeiro imolado e ressuscitado no Qual tudo, absolutamente tudo da nossa salvação se encontra presente!
Cristo é tudo, resume tudo, sintetiza tudo, atrai tudo, realiza tudo! Nele, eucarístico, está a criação do mundo,
Nele, toda a história de Israel,
Nele o Natal,
Nele a Páscoa,
Nele a vida da Igreja,
Nele a Glória dos santos,
Nele o Dia Final, na consumação de tudo!


Cada mistério da nossa fé que celebramos na Liturgia coloca-nos realmente, verdadeiramente em contato com a graça que nos veio daquele mistério.
Quem celebra as Eucaristias do tempo sagrado do Natal entra em contato real com a graça da Vinda do Salvador!

Este é um luxo, uma graça, uma elegância de Deus que somente recebe quem participa da Liturgia e só na Liturgia é dado!

Perguntas e respostas sobre o Natal - IV

O Natal é aniversário de Jesus?
De modo algum!

Jamais a Igreja pensou numa coisa dessas!


Na Liturgia não se diz: Jesus nasceu há 2000 anos! Diz-se: "Hoje nasceu para vós um Salvador: Cristo, o Senhor!"
A Liturgia, na potência do Espírito, coloca-nos no HOJE de Deus, coloca-nos em contato direto com a graça salvífica do acontecimento que, ocorrido uma vez por todas no passado, torna-se eternamente presente na Glória do Céu, em Cristo, único e eterno sacerdote, que na Tenda eterna do Céu ministra a Liturgia eterna que torna-se presente sobre o Altar da Igreja!
No Natal nunca, de modo algum, por motivo algum, deve-se cantar "Parabéns" para Jesus! Seria algo totalmente contrário ao significado do Natal cristão!

Cristo nasceu no dia 25 de dezembro?

Não, com certeza. E os cristãos sempre souberam disso!
Desde o início, esta festa é celebrada em datas diferentes pela Igreja no Oriente e no Ocidente: no Oriente, a 6 de janeiro; no Ocidente, a 25 de dezembro.

Eis os motivos do 25 de dezembro:

Segundo antigas tradições, o mundo teria sido criado no dia 25 de março. Neste dia também se celebrava a Festa da Anunciação de Gabriel à Virgem Maria, início da recriação de todas as coisas em Cristo: Ele, vindo ao nosso mundo no seio da Virgem, recriou o mundo envelhecido e caduco pelo pecado. Assim, o 25 de dezembro ocorre nove meses após a celebração da concepção.

Mas, há outro motivo. Depois de o cristianismo já ter se espalhado no Império Romano e os imperadores terem aceitado a fé cristã, surgiu um que apostatou da fé e quis restaurar o paganismo em Roma: Juliano, o Apóstata! Ele fez o possível para restaurar a festa do deus Sol Vencedor em Roma, que ocorria no dia 25 de dezembro, solstício do inverno. Exatamente a época em que o sol começa a ficar mais forte e fazer os dias começarem a ficar mais longo, vencendo o frio e as trevas do inverno. Esta seria a vitória do deus sol sobre as trevas!

Os cristão reagiram fortemente, celebrando aí não o deus sol, mas o verdadeiro Sol da justiça, Luz do Alto que nos veio visitar, vencendo as trevas da idolatria, do pecado e da morte! O verdadeiro Sol Invicto é o Cristo nosso Deus, que vindo à nossa terra, tudo iluminou com a Sua piedosa Manifestação.

Assim, a data do Natal estabeleceu-se de vez no século IV para toda a Igreja do Oriente e do Ocidente. No dia 6 de janeiro, a Igreja passou a celebrar a Epifania do Senhor. Mas, isto é outra história..

Seria realmente errado ver o Natal como aniversário de Jesus?

Totalmente.

  1.  Comemora-se o aniversário contando os dias de acontecimentos ou pessoas neste tempo. Jesus é o Senhor, entrou na Eternidade, é Senhor do tempo; não mais está preso ao nosso tempo, mas preenche todos os tempos: "A Ele o tempo e a eternidade˜!" - diz a Igreja na Vigília Pascal.
  2. Comemora-se o aniversário de alguém para festejar sua entrada nesta vida. Jesus entrou nesta vida, neste mundo, por humilhação, por esvaziamento de Si mesmo: sendo rico fez-se pobre, sendo Deus fez-Se homem, sendo Senhor fez-Se servo para nos salvar. Na verdade o nascimento de Jesus segundo a carne é um gesto de humildade e humilhação por amor!
  3. O nascimento definitivo para um cristão é o nascimento para a Glória: dos santos, celebra-se não o dia do nascimento para este mundo, mas o Die Natalis para o Céu, o dia da morte para este mundo.
  4. E o mais importante: NENHUMA celebração da Liturgia é de aniversário; nunca é uma recordação do passado que ficou lá trás, mas é um torna-se realmente presente de um fato ou evento salvífico que se torna atual e atuante na vida dos que celebram os santos mistérios na Liturgia. É uma pena que a deficiência de catequese tenha feito os cristãos perderem isto, que no início da Igreja era claro para todos os filhos da Igreja!
  5. Recordemos que o aniversário vai distanciando cada vez mais da origem, do fato inicial recordado. Com o Senhor Jesus não é assim: Ele nos é contemporâneo em todos os Seus mistérios. Ele está presente nos nossos pobres "hojes" e enche os dias da nossa vida com o Seu Hoje eterno entrado no tempo em cada Liturgia. Alguns Padres da Igreja falam em aniversário do Natal, ou seja, no sentido antigo, da "volta do ano" na qual o mistério de sempre é novamente celebrado sem nunca envelhecer ou se afastar da origem! A origem dos acontecimentos salvíficos não está no passado, mas no Altar da Eucaristia!


O que é essencial para um cristão celebrar o Natal?

O que é essencial para qualquer festa cristã: participar da santa Liturgia eucarística.
É na Eucaristia que todo o mistério da nossa fé, o mistério da nossa salvação, da criação à Parusia do Senhor, faz-se presente: "Eis o Mistério da fé!" Isto é: ali, no Cordeiro imolado e ressuscitado, tudo faz-se contemporâneo na potência do Espírito!

Na Eucaristia tudo é celebrado na vida cristã e na vida do cristão! Sem a participação na Eucaristia é impossível ser cristão plenamente!

A Liturgia para o Natal fala das "festas que se aproximam". Do que se trata?

O Natal litúrgico (e este é o que importa) não é um dia, mas um tempo: o tempo no qual a Igreja celebra a Manifestação, a Vinda, o Aparecimento do Salvador na nossa carne mortal.

Este tempo é celebrado com cinco festas:

1. A Natividade
2. A Sagrada Família
3. Santa Maria Mãe de Deus
4. A Epifania
5. O Batismo do Senhor

Todas estas festas, cada uma com um aspecto próprio, celebram um só Mistério: o Verbo Eterno, Filho Eterno do Eterno Pai, fez-Se verdadeiramente homem de Maria a Virgem para que, assumindo o humano salvasse a humanidade e assumindo toda a criação, salvação todo o universo!

Há ainda mais uma festa que não pertence ao Tempo do Natal, mas está ligada ao ciclo do Natal: A Apresentação do Senhor, no dia 2 de fevereiro. É uma festa importantíssima do ponto de vista teológico! Infelizmente, a nossa catequese litúrgica é muito fraca e essa festa fica na penumbra...

Qual é a Missa principal do Natal?

A Igreja celebra o Dia do Natal com quatro missas, isto é, quatro formulários diferentes de missas: orações próprias e leituras próprias para cada uma, todas preciosas, todas belíssimas:

  1. A Missa da Vigília, celebrada na tarde do dia 24.
  2. A Missa do Galo, celebrada na Noite Santa. Chama-se do galo porque a antiga rubrica prescrevia que deveria iniciar-se ao cantar do galo. Hoje, por vários motivos, é celebrada quando o sol já se pôs. No entanto, quanto mais perto da meia-noite, melhor.
  3. A Missa da Aurora, celebrada sempre de madrugada, logo ao sol nascer.
  4. A Missa do Dia, celebrada já com o sol alto. É celebrada a qualquer hora do dia 25.


Dessas, a menos importante do ponto de vista litúrgico, é a da vigília. As mais importantes são a Missa da Noite e a Missa do Dia. Quem participa de qualquer uma delas, celebra o Natal. Contudo a Missa da Vigília não dispensa de participar de uma das outras três.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

Versão áudio

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo
 1, 1-5.9-14)
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus. Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la.

Surgiu um homem enviado por Deus; Seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano.

A Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo.

E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como filho unigênito, cheio de graça e de verdade. Dele, João dá testemunho, clamando: "Este é aquele de quem eu disse: 'O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim'."

De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.
A alegria do Natal é a resposta de Deus à tristeza do homem. Cumprindo as promessa feitas à Abraão e à sua descendência (cf. Lc 1, 55), Ele visita hoje o povo que, segundo o Seu beneplácito, escolheu para Si; fá-lo, porém, para além de tudo quanto o coração humano possa esperar: cheio de bondade e ternura, o Pai de misericórdias (cf. 2Cor 1, 3) envia-nos numa carne (cf. 1Jo 4, 2) em tudo semelhante à nossa, menos no pecado (cf. Hb 4, 15), o Seu "Filho bem-amado" (Mc 1, 11). Deus hoje Se encarna, faz-Se presente aos que por tanto tempo fugiram à Sua presença. Escondido na humildade de um recém-nascido, Jesus Cristo assume hoje todas as perfeições e delicadezas por que quis ser prefigurado e anunciado aos nossos pais na fé: a inocência de um Abel, a pureza de um José, a mansidão de um Moisés—tudo isto se encarna hoje, sob a doçura frágil de um menino, n'Aquele que Se faz carne por amor ao homem. É o mesmo Senhor que, permanecendo o que era e assumindo o que não era, faz tremer a humanidade diante do mistério de Sua presença e da presença deste tão grande Mistério.
A alegria do Natal é, pois, a resposta de um Amor que, vendo a solidão e o sofrimento humanos, quis sofrer conosco, quis vir a este desterro para tirar-nos a nós, degredados da glória celeste, da nossa solidão terrena. Assumindo a nossa natureza, Ele nos chama a participar da Sua; padecendo as nossas dores, Ele nos convida a gozar as Suas alegrias. O Filho de Homem, contudo, não tem hoje onde reclinar a cabeça (cf. Mt 8, 20): Ele nos deu tudo o que temos e Se priva agora de tudo o que, por direito, poderia ter. Ele, que é muito mais do que sequer podemos conceber, faz-Se servo dos que deseja chamar amigos. Deus é, de hoje em diante, Deus conosco, o Emanuel há tanto esperado! Porque só Ele poderia vir, só Ele poderia transpor o abismo que existe entre a nossa indigência e solidão e a plenitude de amor e comunhão de que goza a Trindade Santa pelos séculos sem fim.

Que este Natal seja de profunda e sentida gratidão pela forma maravilhosa por que o Pai quis salvar-nos, reconciliando-nos Consigo, e dar-nos a conhecer o Seu amor por nós, vivido até a extremo da Cruz por Aquele que não nos desprezou, não teve nojo de nós—antes, preferiu ser Ele mesmo desprezado e rejeitado pelos que eram Seus (cf. Jo 1, 11), para que todo o que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (cf. Jo 3, 18). Demos graças ao Senhor pela única e verdadeira boa notícia que nos foi anunciada: hoje nasceu para nós um Salvador, que é o Cristo Senhor! Não estamos mais a sós! Glória e honra a Ele por todos os séculos dos séculos. Amém.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Os cinco defeitos de Jesus


Autor: Cardeal Francisco Xavier Nguyen Van Thuan.  (Livro: Testemunhas da Esperança)
O primeiro ‘defeito’ de Cristo é sua falta de memória:
No calvário, no auge da indescritível agonia, Jesus ouve a voz do ladrão da sua direita: “Jesus, lembra-te de mim quando estiveres em teu reino” (Lc 23, 43). Se fosse eu teria respondido: “Não vou esquecê-lo, mas os crimes seus devem ser pagos por longos anos no purgatório”. No entanto, Jesus respondeu-lhe: … “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). Jesus esqueceu todos os crimes desse homem.
Semelhante atitude Jesus teve com a pecadora que banhou os seus pés com perfume…Não faz nenhuma pergunta sobre seu escandaloso passado. Simplesmente diz: “seus inúmeros pecados estão perdoados, porque muito amor demonstrou” (Lc 7, 47).
Na parábola do filho pródigo Jesus ensina que este, no caminho da volta, preparou-se interiormente, para dizer: “Pai pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado de teu filho. Trata-me como um dos teus empregados” (Lc 15, 18-19). Mas o pai avistando-o. E, não lhe dando tempo para a sua fala, dirige-se aos empregados desconcertados: “Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, coloque um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado, matai-o; comamos e festejemos, pois, este meu filho estava morto e tornou a viver” (Lc 15, 22-24).
A memória de Jesus não é igual à minha; ele não só perdoa, e perdoa a todos, mas esquece até mesmo que perdoou”…
Segundo ‘defeito’ de Cristo: Ele não sabe matemática. 
Se Jesus tivesse se submetido a um exame de matemática, por certo teria sido reprovado. Demonstra a parábola da ovelha perdida “Um pastor tinha 100 ovelhas. Uma se extravia. Ele, imediatamente, deixa as 99 no redil e vai em busca da desgarrada.. Reencontra-a, coloca-a no ombro e volta feliz (cfr. Lc 15, 4-7).
Para Jesus, uma pessoa tem o mesmo valor de noventa e nove e, talvez, até mais. Quem aceita tal procedimento? Sua misericórdia se estende de geração em geração.
Quando se trata de salvar uma ovelha, risco nenhum o desencorajou. contemplamos seus gestos cheios de compaixão ao sentar-se junto ao poço de Jacó a dialogar com a Samaritana, ou então quando se autoconvida para visitar a casa de Zaqueu. Simplicidade que ignora cálculos e não cabe em nenhum cálculo…
Terceiro ‘defeito’: Jesus desconhece a lógica.
Uma mulher possuía 10 dracmas. Perdeu uma. Acende a lâmpada; varre a casa… procura até encontrá-la. Quando a encontra convida suas amigas para partilhar sua alegria pelo reencontro da dracma… (Lc 15, 8-10)… de fato , não tem lógica fazer festa por uma dracma gostar mais do que as 10 dracmas juntas… O coração tem motivações que a razão desconhece… Jesus deu uma pista… O coração tem motivações que a razão desconhece… Jesus deu uma pista: “Eu vos digo que haverá mais alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se converte…” (Lc 15, 10).
Quarto ‘defeito’: Jesus é um aventureiro:
Executivos, pessoas encarregadas do “Marketing das empresas”, levam em suas pastas projetos, planos cuidadosamente elaborados. Os candidatos a cargos eletivos nunca esquecem suas “listas de promessas”. Em todas as instituições, organizações, civis, religiosas não faltam programas prioritários; objetivos, estratégias…
Nada semelhante acontece com Jesus. Humanamente analisando seu projeto está destinado ao fracasso.
Aos Apóstolos, que deixaram tudo para segui-lo, ele não garante sustento material, casa para morar, somente partilhar do seu estilo de vida.
A um desejoso de unir-se aos seus, desponte: ” As raposas tem tocas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8, 20).
A página do Evangelho que elenco as bem-aventuranças, é um verdadeiro auto-retrato de Jesus aventureiro do amor ao Pai e aos irmãos, é um paradoxo do início ao fim, embora estejamos acostumados a proclamá-la:
Bem-aventurados os pobres de espírito(…) terão o Reino de Deus…
Felizes os que choram porque serão consolados..
Felizes os mansos…receberão a terra em herança…
Felizes os que tem fome e sede de justiça… serão saciados…
Felizes os misericordiosos… alcançaram misericórdia…
Felizes os puros(…)verão a Deus.
Felizes os que promovem a paz(…) serão filhos de Deus.
Felizes sereis vós quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus (…) (Mt 5, 3-12).
Os 12 confiaram neste aventureiro. Milhões e milhões de outros igualmente. Já vão lá mais de 2 mil anos e a incalculável multidão de seguidores continua a peregrinar. Galerias enormes de santos e santas, bem-aventurados, heróis e heroínas da aventura. No Universo inteiro esta abençoada Romaria continua, neste mundo tão dilacerado e adverso a cessas coisas, a marcar presença… Vai que este aventureiro tem razão…? Neste caso a mais fantástica viagem na “contramão” da história será a verdadeira…! A quem iremos”?…
Quinto ‘defeito’: Jesus não entende nem de finanças nem de economia:
e Jesus fosse o administrador da empresa, da comunidade, a falência seria uma questão de dias. Como entender um administrador que paga o mesmo salário a quem inicia o trabalho cedo e a outro que só trabalha uma hora. Um descuido? Jesus errou a conta? Pelo dito nada disso houve. Jesus mesmo explica: ” Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o que é meu? Ou o teu olho é mau porque eu sou bom”? (Mt 20, 1-15).
Por que Jesus tem esses defeitos? Porque é o Deus da Misericórdia e Amor Encarnado. Deus Amor (cfr. 1Jo 4, 16) Portanto, não Amor racional, calculista, que condiciona, recorda ofensas recebidas Mas sim Amor: doação, serviço, misericórdia, perdão, compreensão acolhida… em que medida? Infinita.
Os defeitos de Jesus são os caminhos da felicidade. Por isso damos graças a Deus. Para Alegria e esperança da humanidade esses defeitos são incorrigíveis.
“Se tiveres fé, verias a potência do meu Coração”. Jesus à Santa Margarida Maria Alacoque”
Diante disso, poderíamos nos perguntar o porquê que Jesus tem estes “defeitos”?
-Por que Ele é amor. Seu amor incondicional supera qualquer coisa. Não há medida no amor de Cristo. Falar de ‘defeitos’ de Cristo pode parecer estranho para quem não entende sua vida, mas oxalá pudéssemos ter estes “defeitos” para a ótica humana, mas nova perspectiva para a ótica Divina.

sábado, 12 de dezembro de 2015



O Calvário e a Missa - 6ª Parte - Ite, Missa est

Ite, Missa est
“Tudo está consumado” (São João 19,30)


Deus Nosso Senhor chega agora ao Ite, missa est da Sua Missa, no momento em que solta o grito de triunfo: “Tudo está consumado!”.

A obra de salvação está concluída; mas quando ela foi iniciada?

Essa obra começou, de fato, no tempo infinito da eternidade, quando Deus quis fazer-Se homem. Antes do princípio do próprio mundo, já a Divina Impaciência existia, para restituir o homem aos braços de Deus.

O Verbo existia no céu, impaciente por ser o “Cordeiro sacrificado, desde o princípio do mundo”. Ele manifestou a Sua impaciência sob a aparência de símbolos e imagens proféticas, como se a Sua face moribunda se refletisse em milhares de espelhos, ao longo de toda a história do Velho Testamento. Ele estava impaciente por ser o verdadeiro Isaac, que transportava por suas próprias mãos a lenha para o sacrifício, em obediência ás ordens de Seu Pai celestial Abraão.

Ele estava impaciente por realizar o místico símbolo do Cordeiro da Páscoa Judaica, que foi imolado, sem que um único osso do Seu Corpo fosse quebrado. Ele estava impaciente por ser o novo Abel, morto pelos seus invejosos irmãos da raça de Caim, para que o Seu sangue pudesse erguer aos céus o grito do perdão.

Ele estava impaciente no seio de Sua Mãe, quando saudou João, o Seu precursor.
Ele estava impaciente na Circuncisão, quando antecipou o derramamento do Seu Sangue e recebeu o nome de Salvador.

Ele estava impaciente, quando, na idade de doze anos, recordou a Sua Mãe que devia ocupar-se das coisas de Seu Pai. Ele estava impaciente na Sua vida pública, quando dizia que tinha ainda um batismo a receber, e estava ansioso por que ele se cumprisse.

Ele estava impaciente no Jardim das Oliveiras, voltando as costas às doze legiões de anjos consoladores. Ele estava impaciente na Última Ceia, quando antecipou a separação do Seu Corpo e do Seu Sangue, sob as aparências de pão e de vinho.

Finalmente, a impaciência atingiu o seu termo, quando a hora da escuridão se aproximou, no final da Última Ceia. Ele, então, cantou, pela primeira e única vez, precisamente no momento em que caminhava para a morte.

Não teria importância para o mundo o fato de que as estrelas brilhassem com mais intensidade, ou que as montanhas se erguessem, como símbolos de perplexidade, ou que as colinas prestassem o seu tributo aos vales que lhes deram o ser. O que importava apenas era que cada uma das simples palavras que Ele dissera se cumprira exatamente. O céu e a terra não passariam antes que as Suas palavras fossem cumpridas.

Restava apenas o cumprimento de uma palavra de David sobre a realização de cada profecia. Agora, porém, que tudo o mais se cumprira. Ele, o verdadeiro David, pronunciava, por último, as palavras do profeta: “Tudo está consumado”.

O que é que estava consumado? Era a redenção do homem, porque o Amor completara a sua missão, o Amor fizera tudo o que pudera.

Há duas coisas que o amor pode fazer. Por sua própria natureza, o Amor pende para a Encarnação, e toda Encarnação pende para a Crucifixão. Pois não é verdade que, na ordem do amor humano, do afeto do marido pela esposa, e da encarnação, da confluência do amor mútuo, nascem novos seres, que são os filhos?

E quem poderá jamais esquecer os filhos das suas entranhas, cujo amor vai até ao ponto de fazer por eles os maiores sacrifícios, inclusivamente o da própria vida?

E é assim, porque todo o amor, quando verdadeiro, pende para a crucificação. Isto é, porém, uma pálida comparação com a ordem divina, segundo a qual o amor de Deus pela Sua criatura é tão profundo e intenso que terminou numa Encarnação.

O Amor divino, todavia, não se limitou a revestir a forma humana, pois Nosso Senhor veio ao mundo para o remir. A morte era, pois, o alvo supremo, que Ele procurava.

A morte, que interrompe e corta as carreiras dos grandes homens, não interrompe, porém, a Sua, pois Ele foi coroado de glória, e este era o único objetivo que Ele procurava. Assim, a Sua Encarnação pendia para a Crucificação, para o maior amor que jamais alguém sentiu, e que sacrificou a própria vida por aqueles a quem amava.

Consumada a obra da Redenção, o Divino Amor podia dizer: “Dei tudo quanto podia dar, em benefício da minha vinha”. O amor não pode, realmente, dar mais do que a vida por aqueles a quem ama: “Ite, Missa est”. – “Ide, a missa está dita”.

A Sua obra estava, pois, consumada. E a nossa?

Quando o Salvador disse “Tudo está consumado”, Ele não quis dizer que as oportunidades da sua Vida se tinham esgotado, mas sim que a Sua obra estava tão perfeitamente terminada que nada havia a acrescentar-lhe, por muito perfeito que fosse.

Quanto a nós, no entanto, quão longe isto está da verdade! Quantos de nós acabam as suas vidas, sem as terem realmente cumprido! Uma vida de pecado pode chegar ao seu fim, mas nunca poderá dizer-se que foi uma existência concluída, perfeita.

Se a nossa vida se limitou a “acabar”, os nossos amigos perguntarão: “quanto tempo viveu?” Se, porém, a nossa vida foi uma existência que atingiu a sua finalidade, que cumpriu, enfim, a pergunta será esta: “quantos merecimentos de boas obras leva ele consigo?”

Uma vida realmente preenchida não se conta pelo número de anos, mas sim pelas suas obras. Não conta o tempo que se gastou na vinha, mas sim o trabalho que ali ficou feito.

Num curto espaço de tempo pode realizar-se tarefa equivalente a muitos anos, pois os próprios que chegam na décima primeira hora podem viver uma vida completa. Os outros, e até aqueles que vieram até Deus, como o bom ladrão, apenas na hora do seu último suspiro, podem acabar a sua existência no Reinado de Deus. A nenhum deles se aplica a triste exclamação de pesar: “Demasiado tarde Te amei, ó Beleza Eterna”!

Nosso Senhor consumou a Sua obra, mas nós não consumamos a nossa. Ele aponta-nos o caminho que devemos seguir. No final, Ele depôs a Sua Cruz, e nós devemos tomá-la sobre os nossos ombros. Ele consumou a Redenção no Seu Corpo físico, mas cabe-nos a nós consumá-la no Seu Corpo Místico. Ele consumou a Salvação, mas nós ainda a não aplicamos ás nossas amas.

Ele terminou a construção do Templo, mas nós devemos habitá-lo. Ele realizou o modelo ao qual devemos adaptar as nossas cruzes. Ele lançou a semente, mas cabe-nos a nós ceifar a seara. Ele encheu o cálice, mas nós ainda não esgotamos o seu conteúdo que refrigera. Ele semeou o campo de trigo, mas nós devemos recolher o grão no nosso celeiro.

Ele consumou o Sacrifício do Calvário; cabe-nos, porém, consumá-lo também, na Santa Missa.

A crucificação, não representa um drama inspirador, mas sim um ato, um modelo ao qual devemos adaptar as nossas vidas. Não devemos limitar-nos a permanecer na contemplação da cruz, considerando-a como uma obra consumada e terminada, como a vida de Sócrates. Não! O que se passou no Calvário aproveita-nos apenas na medida em que o repetirmos nas nossas próprias vidas.

A Missa permite essa relação, pois, por intermédio da renovação do Calvário nos nossos altares, não seremos apenas espectadores, mas sim participantes da Redenção, e é aí que reside a consumação, o cumprimento da nossa tarefa.

Jesus disse-nos: “E se Eu me elevar acima da terra, arrastarei comigo todas as coisas”.

Jesus consumou a Sua obra quando foi erguido sobre uma cruz; nós consumaremos a nossa quando Lhe permitirmos que nos atraia, nos arrebate para Si, no Sacrifício da Missa.

A Missa é o ato que torna a Cruz visível aos nossos olhos; é ela que se patenteia, que se ergue em todas as encruzilhadas da civilização, e nos aproxima tanto do Calvário que até os pés fatigados podem fazer a jornada que conduz ao seu doce abraço.

Todas as mãos podem, assim, tocar o Sagrado Fardo, e todos os ouvidos podem ouvir o suave apelo, pois a Missa e a Cruz são uma e a mesma coisa. Em ambos existe a renúncia perfeita da vontade ao Filho bem-amado, o mesmo corpo dilacerado, o mesmo derramamento do precioso sangue, o mesmo perdão divino.

Tudo quanto foi dito e feito durante a Santa Missa, deve acompanhar-nos, para vivermos o sagrado ato, para a praticarmos e o aplicarmos em todas as circunstâncias da nossa vida diária.

O Sacrifício de Jesus transforma-se no nosso próprio sacrifício, por meio da oblação de nós próprios, em união com Ele; a Sua vida, oferecida por nós, transforma-se na própria vida que Lhe oferecemos.

Que, ao voltar da Santa Missa, tenhamos feito a nossa escolha, voltando costas ao mundo, para fazermos parte da geração daqueles que vivem à semelhança de Cristo, e são assim testemunhas vivas do Amor d’Aquele que morreu por nós, para que pudéssemos viver com amor.

O mundo dos nossos dias está repleto de catedrais incompletas, de vidas incompletas, de almas meio crucificadas. Algumas levam a cruz até ao Calvário e, depois, abandonam-na; outros, deixaram-se pregar, mas despregaram-se, antes que a sua cruz, fosse erguida ao alto; outros estão crucificados: mas, se o mundo os desafia, dizendo “Desce da cruz”, eles descem, decorrida uma hora... duas horas... ou duas horas e cinqüenta e cinco minutos...

Verdadeiros cristãos são aqueles que perseveram até ao fim. Nosso Senhor também ficou, até que a Sua obra estivesse consumada.

Da mesma maneira, o sacerdote não abandona o altar, sem que a Missa esteja terminada. Também nós devemos permanecer na cruz, até que as nossas vidas se tenham cumprido. Cristo crucificado é o perdão, o modelo de uma vida preenchida.

A nossa natureza humana é o material bruto, a nossa vontade é o cinzel; a graça de Deus é a energia e a inspiração.

Sob a ação do cinzel, desbastam-se os blocos grosseiros da nossa natureza imperfeita. Os primeiros pedaços que caem representam o nosso egoísmo. Depois, por meio de uma cinzelagem mais delicada, mais leve, desbastamos excrescências que representam o orgulhoso exagero da personalidade, o egocentrismo.

Finalmente, com uma escovadela da própria mão, faremos surgir à luz do dia a obra-prima completa – o ser perfeito, à imagem e semelhança do modelo patenteado na Cruz. Nós estamos no altar sob as aparências de pão e de vinho; nós oferecemo-nos a Nosso Senhor, e Ele consagrou-nos.

Não devemos, portanto, bater em retirada, mas sim permanecer até o final, orando sem cessar, para que um dia, ao olharmos para o passado, possamos dizer que vivemos na intimidade d'Aquele que morreu por nós, na Cruz, e tal como Ele, possamos pronunciar a Sexta Palavra: “Tudo está consumado”.

Assim, as suaves palavras do “Ite, Missa est” ressoarão ao longo dos corredores do Tempo, transpondo os umbrais da Eternidade. E os coros dos anjos e o exército branco da Igreja Triunfante responderão: “Deo Gratias”

(O Calvário e a Missa – Arcebispo Fulton J.Sheen)

fonte: http://a-grande-guerra.blogspot.com.br/

3.º Domingo do Advento - A alegria de estar na graça de Deus

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 3, 10-18)
Naquele tempo, as multidões perguntavam a João: "Que devemos fazer?" João respondia: "Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!" Foram também para o batismo cobradores de impostos, e perguntaram a João: "Mestre, que devemos fazer?"

João respondeu: "Não cobreis mais do que foi estabelecido". Havia também soldados que perguntavam: "E nós, que devemos fazer?"

João respondia: "Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!"

O povo estava na expectativa e todos perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: "Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga".

E ainda de muitos outros modos, João anunciava ao povo a Boa Nova.
*
"Eu vos batizo com água, mas virá aquele que (...) vos batizará no Espírito Santo e no fogo" (v. 16). Diferentemente do batismo de João Batista, que preparava as almas para a chegada de Cristo, o sacramento instituído por Nosso Senhor verdadeiramente confere a graça santificante [1], transformando aqueles que o recebem em filhos de Deus.
É justamente essa filiação a grande fonte da alegria cristã, tema da liturgia deste domingo. "Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém!", diz a Primeira Leitura (Sf 3, 14); "Gaudete in Domino semper. Iterum dico: Gaudete! – Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos", diz a Segunda (Fl 4, 4).
Para compreender exatamente o que significa "alegrar-se no Senhor", todavia, é preciso entender a íntima ligação que há entre a alegria e o amor, pois é justamente desta paixão que nasce aquela outra. Alegra-se quem entra em posse do objeto que ama, e este, por sua vez, determina o tipo de amor que se tem: quem se afeiçoa ao que é terreno e passageiro, terá uma alegria terrestre e efêmera; quem, ao contrário, ama Aquele que é eterno e imperecível, terá uma alegria celeste e permanente. Nosso Senhor aludiu a essas verdades quando disse aos Seus discípulos: "Permanecei no meu amor. (...) Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa" (Jo 15, 9.11).
Para permanecer no amor de Cristo, porém, é preciso guardar os Mandamentos. "Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor" (Jo 15, 10), diz Jesus. Isso significa converter-se, mudar de vida, purificar-se dos próprios pecados.
A esse processo doloroso de passagem da morte para a vida, comparado pelo Evangelho a um parto (cf. Jo 16, 21), segue-se outra batalha também intensa, que é a luta por conservar-se na graça de Deus. De fato, quando uma pessoa se arrepende de seus pecados e se reconcilia com Ele, a Trindade habita dentro de sua alma, amando-a com amor de amizade (cf. Jo 15, 15). Essa inabitação divina é uma realidade extraordinária, a qual todo cristão deve estar disposto a morrer para guardar, pois constitui o sentido de sua felicidade neste mundo – felicidade que, embora não seja plena, já é um antegozo do Céu. Esse "tesouro escondido" da vida cristã é comparado por Tertuliano a "uma lâmpada que ilumina o ambiente": "Quem olha de fora só vê o fogo, mas lá dentro está o óleo da unção".
Neste Advento, abasteçamos as nossas lâmpadas com o óleo da graça divina e tenhamos sempre acesa em nosso coração a chama do divino amor, o único fogo que conduz à alegria e à glória do Céu.

Referências

  1. Cf. Suma Teológica, III, q. 38, a. 3.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A Imaculada Conceição glorificada à revelia
até por ...
um diabo!


Imaculada Conceição,São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro
Imaculada Conceição,
São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro
Luis Dufaur
A devoção à Imaculada Conceição de Nossa Senhora vem dos tempos apostólicos.

Na Idade Média, porém, adquiriu enorme força e extensão.

Por fim, no século XIX foi proclamada dogma da Igreja Católica. Nenhum católico pode negá-la ou pô-la sequer em dúvida, sem cair em heresia e ficar fora da Igreja.

Por isso, nesta magna festa, reproduzimos o fato seguinte acontecido no século XIX.



No dia 8 de dezembro de 1854, o Bem-aventurado Papa Pio IX promulgou solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus Encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo.

E no dia 25 de março de 1858, festa da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora e da Encarnação do Verbo, a Santíssima Virgem se manifestou em Lourdes a Santa Bernadete.

Nesse dia Ela confirmou o dogma, dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”. E inaugurou uma torrente de milagres que não cessa até hoje!

Poucas pessoas sabem que em 1823, trinta anos antes da proclamação desse magnífico dogma, dois sacerdotes exorcistas obrigaram um demônio que possuía um rapaz a cantar o louvor dessa santa verdade.

E o demônio teve que fazê-lo, obviamente a contragosto, mas com uma rima poética que reverenciou a glória de Nossa Senhora.

O demônio é “espírito de mentira”, mas o exorcismo pode obrigá-lo a dizer a verdade, inclusive sobre matérias de Fé, como a divindade de Jesus Cristo, as virtudes da Imaculada Virgem, a existência do Paraíso, do inferno, etc.

Foi o que aconteceu com o demônio que tinha entrado num jovem analfabeto de apenas doze anos, residente em Adriano di Puglia, Itália, hoje Ariano Irpino, na província e diocese de Avellino.

Os exorcistas foram dois religiosos dominicanos, o Pe. Gassiti e o Pe. Pignataro, que estavam na cidade pregando uma missão.

Eles haviam recebido o “placet”, ou autorização do bispo, para fazer o exorcismo.

E obrigaram então aquele demônio a responder a muitas perguntas, entre as quais, uma sobre a Imaculada Conceição.

Apesar de o diabo dar sinais de máxima contrariedade, os exorcistas lhe impuseram que falasse sobre o especialíssimo privilégio concedido por Deus a Maria Santíssima.

O demônio então confessou que a Virgem de Nazareth jamais esteve sob seu poder, nem mesmo por um só instante. Pelo contrário, confessou que desde o primeiro instante de sua vida Ela sempre esteve “cheia de graça” e foi toda de Deus.

E o diabo pôs em verso a glória da Imaculada que o esmaga eternamente.
Santa Maria de los Reyes, Laguardia, Espanha
Os dois exorcistas obrigaram o espírito das trevas a testemunhar a Imaculada Conceição sob a forma de versos poéticos.

E o demônio, que se perdeu por culpa própria e conhecendo perfeitamente as coisas, compôs na língua italiana um soneto impecável, perfeito como construção poética e como teologia.

Como a tradução para o português prejudica a rima, nós o reproduzimos em italiano no fim do post:
Eu sou Mãe verdadeira de um Deus que é Filho
e sou filha dEle, embora seja sua Mãe;
Ele nasceu ab aeterno e é meu Filho,
Eu nasci no tempo e, entretanto, sou sua Mãe.

Ele é meu criador, porém é meu Filho,
Eu sou sua criatura, porém sou sua Mãe;
Foi um prodígio divino Ele ser meu Filho
Um Deus eterno me ter por Mãe.

A vida é comum entre a Mãe e o Filho
Porque o Filho recebe o ser da Mãe,
E a Mãe recebeu o ser do Filho.

Ora, se o Filho recebeu o ser da Mãe,
Ou se diz que o Filho nasceu com mancha,
Ou foi a Mãe que foi concebida sem mancha.

Imaculada Conceição em Lourdes, França
Imaculada Conceição em Lourdes, França
Se não formos piores que esse demônio do inferno, ajoelhemo-nos diante da Imaculada Virgem e veneremo-la pelos séculos dos séculos, dizendo:

“Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

Em italiano:
Vera Madre son Io d’un Dio che è Figlio
e son figlia di Lui, benché sua Madre;
ab aeterno nacqu’Egli ed è mio Figlio,
in tempo Io nacqui e pur gli sono Madre.

Egli è mio creator ed è mio Figlio,
son Io sua creatura e gli son Madre;
fu prodigo divin l’esser mio Figlio
un Dio eterno, e Me d’aver per Madre.

L’esser quasi è comun tra Madre e Figlio
perché l’esser dal Figlio ebbe la Madre,
e l’esser dalla Madre ebbe anche il Figlio.

Or, se l’esser dal Figlio ebbe la Madre,
o s’ha da dir che fu macchiato il Figlio,
o senza macchia s’ha da dir la Madre

Fonte: “Chiesa viva”, Maio 2012