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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Quarta-feira da 26.ª Semana Comum (I) – Repousar em Deus



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
9, 57-62)
Naquele tempo: Enquanto estavam caminhando, alguém na estrada disse a Jesus: "Eu te seguirei para onde quer que fores." Jesus lhe respondeu: "As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça." Jesus disse a outro: "Segue-me." Este respondeu: "Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai." Jesus respondeu: "Deixai que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus." Um outro ainda lhe disse: "Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares." Jesus, porém, respondeu-lhe: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus."
O Evangelho de hoje nos apresenta o que é necessário para seguir a Jesus, quais as exigências de quem deseja acompanhar o Messias que de decide entregar-se às mãos dos homens. Neste contexto, São Lucas nos faz deparar com três vocações diferentes, com três pessoas chamadas a seguir o Senhor, que, a partir de agora, parte rumo à cidade santa de Jerusalém para beber o cálice que o Pai lhe preparara. Pode-se dizer, com efeito, que a narrativa de Lucas está dividida em duas grandes partes; e é versículo 51 do capítulo nove que serve de divisor d'águas. "Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo", escreve o evangelista, "ele resolveu dirigir-se a Jerusalém." Jesus, sabendo o que lhe esperava, com uma decisão firme, inquebrantável, generosa, sobe a Jerusalém. Ele ascende, pois, à cidade santa para, ali morrendo, enfim ascender, ressuscitado e glorioso, aos céus.
Este episódio põe às claras uma vez mais a união entre a terra e o Céu. Ele nos lembra também a passagem do sonho de Jacó, que, cansado da viagem, chega à região de Betel e, apoiando a cabeça numa rocha, pega no sono; Cristo, porém, nem uma pedrinha possuía para reclinar a cabeça. Mas, apesar de não ter nesta terra um lugar de repouso, Ele está desde toda a eternidade voltado para Pai, reclinado no seio de Deus (cf. Jo 1, 18), onde tem o Seu descanso, onde encontra o Seu conforto. Lidas em seu conjunto, as Sagradas Escrituras nos revelam aqui mais uma grande e profunda verdade, tão belamente expressa por Santo Agostinho: o nosso coração vive inquieto, intranquilo, enquanto não repousar em Deus. É em Deus, e somente n'Ele, que podemos "repousar a cabeça": e não nas consolações deste mundo, consumidas pela traça; não nos bens terrenos, surrupiados pelo ladrão. É apenas em Deus e com Deus que o nosso espírito pode sentir-se em casa.
Jesus Cristo, fazendo-se presente e pequenino na Eucaristia, nos chama hoje a desprezarmos toda espécie de apego, seja a família, seja o dinheiro, seja o sucesso. Ele quer que, ao longo desta peregrinação em direção à Jerusalém celeste, nossa alma aprenda a desapegar-se pouco a pouco das criaturas, para poder alegrar-se, afinal, no gozo do seu Senhor.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Festa de São Miguel, São Gabriel e São Rafael Arcanjos

A festa dos arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael oferece uma grande chance para meditarmos não apenas sobre o a missão dos anjos, mas sobretudo para nos recordarmos de que somente Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é o pontífice que liga o homem a Deus. Assista à homilia desta 3.ª-feira e se associe à alegria que une hoje, num só coro, os céus e a terra

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Devoção ao Rosário: maravilhoso histórico





Nossa Senhora do Rosário, México.
Nossa Senhora do Rosário, México.



Segundo respeitosa tradição, Nossa Senhora revelou a devoção ao Rosário a São Domingos de Gusmão, em 1214, como meio para salvar a Europa de uma heresia.

Eram os albigenses, que, como uma epidemia maldita, contagiavam com seus erros outros países, a partir do norte da Itália e da região de Albi, no sul da França.

De onde o nome de albigenses atribuído a esses hereges, conhecidos também como cátaros (do grego: puros), pois assim soberbamente se auto-nomeavam.

Eram lobos disfarçados com pele de ovelha, infiltraram-se nos meios católicos para melhor enganar e captar simpatia. Tais hereges pregavam, entre outros erros, o panteísmo, o amor livre, a abolição das riquezas, da hierarquia social e da propriedade particular — salta aos olhos a semelhança com o comunismo.

Várias regiões da Europa do século XIII ficaram infestadas pela heresia albigense, e toda a reação católica visando contê-la mostrava-se ineficaz. Os hereges, após conquistar muitas almas, destruir muitos altares e derramar muito sangue católico, pareciam definitivamente vitoriosos.

São Domingos (mais tarde fundador da Ordem Dominicana) intrepidamente empenhou-se no combate à seita albigense, não conseguindo, porém, sobrepujar o ímpeto dos hereges, que continuavam pervertendo os fiéis católicos. E os que não se pervertiam eram massacrados.

Desolado, São Domingos suplicou à Virgem Santíssima que lhe indicasse uma eficaz arma espiritual capaz de derrotar aqueles terríveis adversários da Santa Igreja.

Rosário esmaga heresia albigense


Quando tudo parecia perdido, Nossa Senhora interveio nos acontecimentos para salvar a Cristandade desse mal.

O Bem-aventurado Alain de la Roche (1428 – 1475), célebre pregador da Ordem Dominicana, no livro Da dignidade do Saltério, narra a aparição de Nossa Senhora a São Domingos, em 1214.

Nessa aparição, Ela ensina aquele Santo a pregar o Rosário (também chamado Saltério de Maria, em lembrança dos 150 salmos de Davi) para salvação das almas e conversão dos hereges. Na obra de São Luís Grignion de Montfort acima citada, ele transcreve tal narração:

São Domingos de Gusmão recebe o terço de Nossa Senhora. Igreja de Santa Sabina, Roma
São Domingos de Gusmão recebe o terço de Nossa Senhora.
Igreja de Santa Sabina, Roma
“Vendo São Domingos que os crimes dos homens criavam obstáculos à conversão dos albigenses, entrou em um bosque próximo a Toulouse e passou nele três dias e três noites em contínua oração e penitência, não cessando de gemer, de chorar e de macerar seu corpo com disciplinas para aplacar a cólera de Deus, até cair meio morto. A Santíssima Virgem, acompanhada de três princesas do Céu, lhe apareceu e disse:

—‘Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?’

— ‘Ó Senhora! – respondeu ele – Vós o sabeis melhor do que eu, porque depois de vosso Filho Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa salvação’.

— ‘Saiba – Ela acrescentou – que a peça principal da bateria foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus estes corações endurecidos, reza meu Saltério’.

“O Santo se levantou muito consolado e abrasado de zelo pelo bem daquela gente; entrou na igreja catedral; no mesmo momento os sinos tocaram, pela intervenção dos anjos, para reunir os habitantes. No princípio da pregação, formou-se uma espantosa tormenta; a terra tremeu, o sol se obscureceu, os repetidos trovões e os relâmpagos fizeram estremecer e empalidecer os ouvintes; e aumentou seu terror ao ver uma imagem da Santíssima Virgem, exposta em lugar proeminente, levantar os braços três vezes ao Céu para pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e não recorressem à proteção da Santa Mãe de Deus.

“O Céu queria por esses prodígios aumentar a nova devoção do santo Rosário e torná-la mais notória.

“A tormenta cessou por fim, pelas orações de São Domingos. Ele continuou seu sermão, e explicou com tanto fervor e entusiasmo a excelência do santo Rosário, que os moradores de Toulouse [um dos principais focos da heresia] o abraçaram quase todos e renunciaram a seus erros, vendo-se em pouco tempo uma grande mudança na vida e nos costumes da cidade” (Obras de San Luis Maria Grignion de MontfortEl secreto admirable del Santissimo Rosario, Biblioteca de Autores 

Melhor artilharia contra o demônio e sequazes


Empunhando a potente arma do Rosário, São Domingos retornou ao combate, pregando incansavelmente na França, Itália e Espanha a devoção que a própria Senhora do Rosário lhe ensinara, e por todas as partes reconquistava as almas: os católicos tíbios se afervoravam, os fervorosos se santificavam; as ordens religiosas floresciam; convertia os hereges, que, abjurando seus erros, voltavam à Igreja aos milhares; os pecadores se arrependiam e faziam penitência; expulsava os demônios de possessos; operava milagres e curas.

Somente na Lombardia, o ardoroso cruzado do Rosário converteu mais de 100 mil hereges albigenses.

Tudo por meio da melhor artilharia contra o demônio e seus seguidores: o Santo Rosário.

Simão de Montfort


Mas restavam ainda aqueles hereges empedernidos, que não se convertiam de nenhum modo, e procuravam reverter a derrota fazendo estragos em alguns outros países.

Para resolver o problema, Nossa Senhora, além do heroico São Domingos, suscitou outro herói para erradicar da Europa a heresia: o admirável Conde Simão de Montfort.

Simão de Montfort na batalha de Muret
Simão de Montfort na batalha de Muret
O primeiro empunhou como arma o Rosário, o segundo empunhou a espada. Uma combinação perfeita: o espírito de oração com o espírito de cruzada em defesa da Fé Católica.

A história de Simão de Montfort é, além de admirável, extensa. Citemos a propósito, apenas de passagem, um trecho extraído do livro de São Luís Grignion de Montfort (o sobrenome de ambos é o mesmo, embora, segundo parece, não fossem parentes – pelo menos não há dados concludentes a respeito):

“Quem poderá contar as vitórias que Simão, Conde de Montfort, obteve contra os albigenses sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário? Foram tão notáveis, que jamais se viu no mundo coisa parecida.

Com quinhentos homens, desbaratou um exército de dez mil hereges.

"Outra vez, com trinta homens, venceu a três mil. Depois, com mil infantes e quinhentos cavaleiros, fez em pedaços o exército do rei de Aragão, composto de cem mil homens, perdendo somente oito soldados de infantaria e um de cavalaria” (Op. cit., pp. 366-367.).

Livre a França da furibunda heresia albigense, a devoção ao Santo Rosário atravessou as fronteiras. São Domingos pregou incansavelmente, até o fim de seus dias, esta milagrosa e eficientíssima devoção nos países vizinhos, colhendo neles semelhantes frutos.

Atravessou não somente as fronteiras européias, mas os continentes e também os séculos, uma vez que, até os presentes dias, o Rosário é rezado com grande fruto em todos os países do mundo.

Os Papas recomendam o Rosário

Pio IX: “Assim como São Domingos se valeu do Rosário como de uma espada para destruir a nefanda heresia dos albigenses, assim também hoje os fiéis exercitando o uso desta arma — que é a reza cotidiana do Rosário — facilmente conseguirão destruir os monstruosos erros e impiedades que por todas as partes se levantam” (Encíclica Egregiis, de 3 de dezembro de 1856).

Leão XIII: “Queira Deus — é este um ardente desejo Nosso — que esta prática de piedade retome em toda parte o seu antigo lugar de honra! Nas cidades e aldeias, nas famílias e nos locais de trabalho, entre as elites e os humildes, seja o Rosário amado e venerado como insigne distintivo da profissão cristã e o auxílio mais eficaz para nos propiciar a divina clemência” (EncíclicaJucunda semper, de 8 de setembro de 1894).
São Pio X: “O Rosário é a mais bela e a mais preciosa de todas as orações à Medianeira de todas as graças: é a prece que mais toca o coração da Mãe de Deus. Rezai-o todos os dias”.

Bento XV: “A Igreja, sobretudo por meio do Rosário, sempre encontrou nEla a Mãe da graça e a Mãe da misericórdia, precisamente conforme tem o costume de saudá-La. Por isso, os Romanos Pontífices jamais deixaram passar ocasião alguma, até o presente, de exaltar com os maiores louvores o Rosário mariano, e de enriquecê-lo com indulgências apostólicas”.

Pio XI: “Uma arma poderosíssima para pôr em fuga os demônios …. Ademais, o Rosário de Maria é de grande valor não só para derrotar os que odeiam a Deus e os inimigos da Religião, como também estimula, alimenta e atrai para as nossas almas as virtudes evangélicas” (Encíclica Ingravescentibus malis, de 29 de setembro de 1937).

Pio XII: “Será vão o esforço de remediar a situação decadente da sociedade civil, se a família, princípio e base de toda a sociedade humana, não se ajustar diligentemente à lei do Evangelho. E nós afirmamos que, para desempenho cabal deste árduo dever, é sobretudo conveniente o costume do Rosário em família” (Encíclica Ingruentium malorum, de 15 de setembro de 1951).

João XXIII: “Como exercício de devoção cristã, entre os fiéis de rito latino, …. o Rosário ocupa o primeiro lugar depois da Santa Missa e do Breviário, para os eclesiásticos, e da participação nos Sacramentos, para os leigos” (Carta Apostólica Il religioso convegno, de 19 de setembro de 1961).

Paulo VI: “Não deixeis de inculcar com toda a diligência e insistência o Rosário marial, forma de oração tão grata à Virgem Mãe de Deus e tão freqüentemente recomendada pelos Romanos Pontífices, pela qual se proporciona aos fiéis o mais excelente meio de cumprir de modo suave e eficaz o preceito do Divino Mestre: ‘Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á’ (Mt. 7, 7)” (Encíclica Mense maio, de 19 de abril de 1965).

João Paulo II: “O Rosário, lentamente recitado e meditado — em família, em comunidade, pessoalmente — vos fará penetrar pouco a pouco nos sentimentos de Jesus Cristo e de sua Mãe, evocando todos os acontecimentos que são a chave de nossa salvação” (Alocução de 6 de maio de 1980).

fonte: http://oracoesemilagresmedievais.blogspot.com.br/

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 46-50)


Naquele tempo, houve entre os discípulos uma discussão para saber qual deles seria o maior. Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto a si e disse-lhes: "Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior." João disse a Jesus: "Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque não anda conosco." Jesus disse-lhe. "Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor."
O Evangelho desta 2.ª-feira nos mostra os discípulos de Cristo a discutir quem dentre eles seria o maior. Os apóstolos de Nosso Senhor são aqui envolvidos na grande tentação com que o demônio costuma seduzir os seguidores de Jesus: a vanglória. É verdade que, de um lado, Deus nos destinou à glória dos Céu; mas, por outro, todos nós, feridos pelo pecado, sentimos um certo apetite desordenado pela própria excelência que deseja sobrepor-se à glória celeste para a qual fomos criados. Manifestada no Tabor a Pedro, Tiago e João alguns versículos atrás (cf. Lc 9, 28-36), essa mesma glória se torna, por sugestão do diabo, ocasião de tropeço, de vanglória, de discussão.
Em regra, este fenômeno ocorre conosco ao longo de nossa jornada espiritual. Superados os pecados e defeitos mais rudes, mais grosseiros, é comum que o cristão, crendo-se já muito virtuoso, tenda a pavonear-se, a achar-se santo, a orgulhar-se do que na verdade é obra da Graça de Deus. Este Evangelho nos mostra mais uma vez os discípulos em companhia de Jesus, ouvindo-lhe os ensinamentos, e incapazes de compreender que o Senhora subirá, sim, a Jerusalém, mas para tomar o último lugar. A Transfiguração de Cristo, com efeito, lhes deveria ter servido como preparação para a desfiguração da Cruz. E é o próprio Senhor quem predissera, na leitura de ontem, a Paixão que O aguardava.
Cristo está, pois, como que a nos indiciar que é pelo caminho da pequenez e da humilhação que se sobre até a gloriosa Jerusalém. O itinerário para o Céu, ensina hoje o Senhor, é um caminho para baixo: só pelo rebaixamento próprio e pelo serviço aos mais pequeninos é que o homem pode progredir na santidade e alcançar a glória preparada para os filhos de Deus.

A oração dominical, o Pai Nosso - 7

PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES

64. — Encontramos homens de grande sabedoria e força, mas quem confia em sua própria força não trabalha com sabedoria nem conduz até o final aquilo que se propusera fazer. Parecem ignorar que os conselhos dão força às reflexões. Como ensinam os Provérbios (20, 18).

Mas notemos que o Espírito Santo que dá a força, dá também o conselho; pois qualquer bom conselho relativo à salvação do homem só pode vir do Espírito Santo.

O conselho é necessário ao homem, quando este sofre tribulações, assim como o conselho do médico, quando se está doente. Quando um homem está espiritualmente doente pelo pecado, deve pedir conselho. E Daniel mostra que o conselho é necessário ao pecador, quando diz ao rei Nabucodonosor (Dn 4, 24): Segue, ó rei, o conselho que te dou, redime os teus pecados com esmolas.

O conselho de dar esmolas e ser misericordioso é excelente para apagar os pecados. Por isso o Espírito Santo ensina aos pecadores esta oração pedindo: Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores.

Além disso devemos verdadeiramente a Deus aquilo a que Ele tem direito e que nós lhe recusamos. Ora, o direito de Deus exige que façamos Sua vontade, preferindo-a à nossa vontade. Ofendemos, portanto, seu direito, quando preferimos nossa vontade à sua, e isto é o pecado. Assim os pecados são nossas dívidas para com Deus. E o Espírito Santo nos aconselha que peçamos a Deus o perdão de nossos pecados e por isso dizemos: Perdoai as nossas dívidas.

65. — Sobre estas palavras podemos fazer três considerações:

a) Primeiro, por que fazemos este pedido?
b) Segundo, quando será realizado?
c) Terceiro, que devemos fazer para que Deus realize nosso pedido?

a) Da primeira, tiramos dois ensinamentos necessários ao homem, nesta vida.

Um, que o homem deve sempre temer a Deus e ser humilde. Há quem seja bastante presunçoso para dizer que podemos viver neste mundo de modo a evitar o pecado. Mas isto a ninguém foi dado, a não ser ao Cristo que possui o Espírito em toda a plenitude; e à Bem aventurada Virgem, cheia de graça e imaculada, da qual dizia Santo Agostinho: «Desta (Virgem) não quero fazer a menor menção, quando falo do pecado». Mas a nenhum outro santo foi concedido não cair em pecado ou, ao menos, não incorrer em algum pecado venial. Diz, em sua Epístola, São João: Se dissermos que estamos sem pecado, nós mesmos nos enganamos, e não há verdade em nós. (I, 1,8).

E isto tudo é provado pelo próprio pedido. Firmamos, pois, que a todos, santos ou não, convém dizer o Pai Nosso, com o pedido: Perdoai as nossas dívidas. Portanto, cada homem se reconhece e se confessa pecador e indubitavelmente devedor. Se, pois, sois pecador, deveis temer e vos humilhar.

O outro ensinamento é que vivamos sempre na esperança. Ainda que sejamos pecadores, não devemos desesperar. O desespero nos leva a outros e mais graves pecados, como nos diz o Apóstolo (Ef 4, 19): Desesperando, entregaram-se à dissolução e a toda sorte de impurezas.

É, pois, muito útil que sempre esperemos. O homem, por mais pecador que seja, deve esperar sempre o perdão de Deus, se seu arrependimento é verdadeiro, se se converteu perfeitamente.

Ora, esta esperança se fortifica em nós, quando pedimos: Pai nosso, perdoai as nossas dívidas.

67. — Os hereges Navatini negavam essa esperança, dizendo que aquele que peca, depois do batismo, não alcança a misericórdia. Ora, isto não é verdade, se é verdade o que Cristo diz (Mt 18,32): Perdoeite a dívida toda, porque me pediste.

Assim, em qualquer dia em que pedirdes, podereis obter a misericórdia, se rogardes arrependidos por terdes pecado.

Se, portanto, por esse pedido, nasce o temor e a esperança e todo pecador contrito alcança a misericórdia, concluímos o quanto é necessário fazê-lo.

68. — b) Quanto à segunda consideração, é preciso lembrar que, no pecado, são dois os elementos presentes: a culpa, pela qual se ofende a Deus, e o castigo devido pela ofensa.

Ora, a falta é remida pela contrição, se esta é acompanhada do propósito de se confessar e de satisfazê-la. Declara o Salmista (Sl 31, 5): Eu disse: confessarei ao Senhor contra minha injustiça; e tu me perdoaste a impiedade de meu pecado.

Como dissemos, se a contrição dos pecados, com o propósito de confessá-los, basta para obter sua remissão, o pecador não deve desesperar.

69. — Mas alguém pode objetar: se a contrição do pecado redime a culpa, porque é necessário a confissão ao sacerdote?

A esta pergunta responderemos: Deus, pela contrição, redime o pecado, mudando o castigo eterno em castigo temporal; o pecador, contrito, fica submetido à pena temporal,

Assim, se o pecador morre sem confissão, não por tê-la desprezado, mas porque a morte o surpreendeu, irá para o purgatório onde, segundo Santo Agostinho, sofrerá muitíssimo. No entanto, ao vos confessar, o sacerdote vos absolve da pena temporal pelo poder das chaves, ao qual vos submeteis na confissão; pois disse Cristo aos Apóstolos (Jo, 20,22,23): Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados e aos que os retiverdes, serão retidos. Assim, quando se confessa uma vez, alguma parte da pena é perdoada e do mesmo modo, quando se repete a confissão ou se confessa, tantas vezes, quanto necessário, será totalmente perdoada.

70. — Os sucessores dos Apóstolos acharam um outro modo de remir a pena temporal: pelo benefício das indulgências. Para quem vive na caridade, as indulgências têm o valor que o Papa lhes pode conferir.

Quando os santos fazem boas obras, sem terem pecado, ao menos mortalmente, essas obras são úteis para a Igreja. Do mesmo modo os méritos de Cristo e da bem-aventurada Virgem são reunidos como um tesouro. O Soberano Pontífice e aqueles a quem ele confiou tal cuidado, podem aplicar estes méritos, onde mais houver necessidade. Assim, pois, os pecados são remidos, quanto à falta, peia contrição, e quanto à pena, pela confissão e pelas indulgências.

71. — c) Quanto à terceira consideração: que devemos fazer para que Deus realize nosso pedido, Deus requer, de nossa parte, que perdoemos ao próximo as ofensas que nos fez. É por isso que nos faz dizer: assim como nós perdoamos os nossos devedores. Se agirmos de outra maneira, Deus não nos perdoará.

Diz-nos o Eclesiástico (28, 2-5): Perdoa a teu próximo o mal, que te fez e a seu pedido teus pecados ser-te-ão perdoados. O homem guarda sua ira para com outro homem e pede a Deus remédio? Não tem compaixão de um homem seu semelhante, e pede perdão de seus pecados? Sendo carne, conserva rancor e pede propiciação a Deus? Quem lha alcançará por seus delitos? Perdoai, (Lc 6, 37), e ser-vos-á perdoado.

É por isso que neste quinto pedido do Pai N'osso o Senhor nos põe uma única condição: perdoai o outro. Se assim não fazemos, não seremos perdoados.

72. — Mas poderíamos dizer: Direi as primeiras palavras do pedido a saber: perdoai as nossas dívidas, mas não as últimas: como nós perdoamos aos nossos devedores.

Quereis enganar a Cristo? Mas certamente não enganareis. Cristo compôs esta oração e dela se lembra bem; como podeis enganá-lo? Portanto, se dizeis com a boca, ratificai com o coração.

73. — Mas, perguntamos, aquele que não tem o propósito de perdoar seu próximo deve dizer: Assim como nós perdoamos os nossos devedores?

Parece que não, pois estaria mentindo.

Mas respondo que não estaria mentindo, porque não está rezando em seu nome, mas em nome da Igreja, que não se engana. É por isso que esse pedido foi posto no plural.

74. — Precisamos saber que há dois modos de perdoar o próximo. O primeiro é o dos perfeitos, que leva os ofendidos a procurarem os ofensores, como diz o Salmista: (Sl 33, 15): Procurai a paz.

O segundo modo de perdoar é comum a todos, é a obrigação de todos; nada mais é que perdoar os que pedem perdão, como diz o Eclesiástico; (28, 2) Perdoa teu próximo pelo mal que te fez e a seu pedido teus pecados ser-te-ão perdoados.

75. — Bem-aventurados os misericordiosos, é o fruto deste quinto pedido. Porque nos leva a ter misericórdia para com o próximo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A oração dominical, o Pai Nosso - 6

O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE

53. — Muitas vezes, a grandeza da ciência e da sabedoria tornam o homem tímido, e então é preciso ter força no coração, para que o homem não desanime diante das necessidades.

O Senhor, diz Isaías (40, 29), dá força aos cansados e vigor aos que são fracos. E Ezequiel (2, 2) também diz: Entrou em,mim o Espírito, e me firmou sobre os meus pés.

O Espírito Santo, de um lado, dá força para impedir que o homem desfaleça com o medo de não ter o necessário, e por outro lado, para que o homem creia firmemente que Deus o proverá de tudo que precisar.

Assim o Espírito Santo, dispensador desta força, nos ensina a dizer: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. E o chamamos Espírito de força.

54. — É preciso saber, que nos três pedidos precedentes do «Pai Nosso», pedimos bens espirituais, cuja possessão começa neste mundo, mas só será perfeita na vida eterna.

Com efeito, quando pedimos a santificação do nome de Deus, pedimos que reconheçamos Sua santidade; pedindo a vinda de Seu reino, pedimos alcançar a vida eterna; pedir para que a vontade de Deus seja feita é pedir que Deus cumpra Sua vontade em nós. Todos esses bens, parcialmente realizados neste mundo, só o serão perfeitamente, na vida eterna.

Também é necessário pedir a Deus alguns bens indispensáveis, cuja possessão perfeita é possível na vida presente. Por isso, o Espírito Santo nos ensina a pedir estes bens, necessários à vida presente e perfeitamente possuídos aqui em baixo.

Ao mesmo tempo nos faz mostrar que é Deus que nos provê em nossas necessidades temporais, quando dizemos: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje».

55. — Por estas palavras, Jesus nos ensina a evitar os cinco pecados que se comete habitualmente por um desejo imoderado das coisas temporais.

O primeiro destes pecados é que o homem, insaciável, quanto às coisas que convêm a seu estado e a sua condição, e impelido por um desejo desregrado, pede bens que estão acima de sua condição. Age como um soldado que se queira vestir de oficial ou um clérigo, como um bispo.

Este vício desvia o homem das coisas espirituais, porque o prende excessivamente a coisas temporais.

O Senhor nos ensina a evitar tal pecado, mandando-nos pedir somente o pão, quer dizer, os bens necessários a cada um nesta vida, segundo a sua condição particular: sob o nome de «pão», estão compreendidos todos esses bens. O Senhor não nos ensinou a pedir coisas delicadas, variadas e exóticas, porém pão, sem o qual o homem não pode viver e que é o alimento comum a todos. O essencial da vida do homem, diz o Eclesiástico (29, 28), é a água e o pão. E o Apóstolo escreveu a Timóteo (1,6, 8): Tendo pois com que nos sustentar e com que nos cobrirmos, contentemo-nos com isso.

56. — Um segundo vício consiste em cometer-se injustiças e fraudes na aquisição dos bens temporais.

Este é um vício perigoso, porque é difícil restituir os bens roubados e, segundo Santo Agostinho, «tal pecado não é perdoado, se não restituímos o que foi roubado». O Senhor nos ensina a evitar este vício, pedindo para nós, não o pão de outrem, mas o nosso. Os ladrões comem o pão dos outros e não o seu próprio.

57. — O terceiro pecado é a solicitude excessiva para com os bens terrenos. Há pessoas que nunca estão satisfeitas com o que têm e querem sempre mais.

 Senhor, não me deis nem a Pobreza nem a riqueza: dai-me somente o que for necessário para viver, dizem os Provérbios (30, 8).

Jesus nos ensina a evitar este pecado pelas palavras: «de cada dia nos dai hoje», quer dizer, o pão de um só dia ou de uma só unidade de tempo.

58. — O quarta vício, causado pela apetite desmesurado das coisas daqui de baixa, consiste numa insaciável avidez das bens terrenas, uma verdadeira voracidade.

Querem consumir em um só dia o que é suficiente para muitas dias. Estes não pedem o pão de um dia, mas o de dez. Gastando sem medida, chegam a dissipar todas os seus bens, segundo a palavra dos Provérbios (23, 21): Passando o tempo a beber e a comer se arruínam, e segunda esta outra palavra (Ecl. 19, 1): O operário dado ao vinho não enriquecerá.

59. — O deseja desregrada dos bens terrestres engendra um quinto pecado, a ingratidão.

Este é o deplorável vício do homem que se orgulha de suas riquezas e não reconhece que as deve a Deus, autor de todos os bens espirituais e temporais, segunda a palavra de Davi (I Par. 29, 14): Teu é tudo e o recebemos de tua mão.

Para afastar esse vício e fixarmos que todos esses bens vêm de Deus, Jesus nos faz dizer: «Dai-nos nosso pão».

60. — Recolhamos a lição da experiência e das Sagradas Escrituras a respeito do caráter perigosa e nociva das riquezas.

Quantas vezes se possui grandes riquezas e não se tira qualquer utilidade delas, mas, ao contrário, males espirituais e temporais.

Há homens que morrem par causa de suas riquezas. Há ainda um mal que tenho visto debaixo do sol, diz o Eclesiastes (6, 1-2), e ordinário por certo entre os homens: um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra; nada falta à sua alma de tudo o que pode desejar, e Deus não lhe concedeu o poder de gozar destes bens, mas virá um homem estranho a devorar suas riquezas. E diz ainda o Eclesiastes (5, 12): Ainda há outra enfermidade bem má debaixo do sol: as riquezas acumuladas em detrimento de seu dono.

Devemos, portanto, pedir a Deus que nossas riquezas nos sejam úteis. Quando dizemos: «Dai-nos o nosso pão», é isso que pedimos, que os nossos bens nos sejam úteis e que não se verifique conosco o que está escrito do homem mau (Jo 20, 14,15): o pão, em suas entranhas, se converterá em fel de áspides. Vomitará as riquezas que devorou e Deus lhas fará sair das entranhas.

61 — Voltando ao vício de uma solicitude excessiva em relação aos bens terrenos, vemos homens que se inquietam hoje com o pão de um ano inteiro, e se chegam a possuí-lo, nem por isso, deixam de se atormentar. Mas o Senhor lhes diz (Mt 6, 31): Não vos inquieteis, pois, dizendo: que comeremos ou o que beberemos ou com que nos vestiremos? Também Deus nos ensina a pedir para hoje o pão nosso, quer dizer, o necessário para o momento presente.

62. — Existem além do pão, alimento do corpo, duas outras qualidades de pão. O pão sacramental e o da palavra de Deus.

Na Oração Dominical também pedimos nosso pão sacramental que é todo dia preparado na Igreja e que recebemos como sacramento, como penhor de nossa salvação.

Jesus declarou aos Judeus (Jo 6,5): Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. — Quem come deste pão, e bebe do cálice do Senhor indignamente, come e bebe para si a condenação (1 Cor 11, 29).

Pedimos também na Oração Dominical este outro pão que é a palavra e Deus. Deste pão disse Jesus (Mt 4, 4): Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que vem da boca de Deus.

Pedimos assim que nos dê pão, isto é, o Verbo de Deus, de onde provém para o homem a bem-aventurança da fome e sede de justiça. Quanto mais bens espirituais possuímos, mais desejamos e este desejo aguça o apetite e a fome, que será saciada na vida eterna.


Festa de São Mateus Apóstolo e Evangelista

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 9,9-13)
Naquele tempo, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: "Segue-me!" Ele se levantou e seguiu Jesus.

Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: "Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?"

Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes.Aprendei, pois, o que significa: 'Quero misericórdia e não sacrifício'. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores".

domingo, 20 de setembro de 2015

25º Domingo do Tempo Comum - O repouso dos humildes

https://soundcloud.com/padrepauloricardo/tf262-25-domingo-do-tempo-comum-o-repouso-dos-humildes

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc
9, 30-37)
Naquele tempo, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: "O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará".

Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: "O que discutíeis pelo caminho?"

Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.

Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!"

Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: "Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou".
*
Jesus prenuncia pela segunda vez a Sua paixão e termina novamente incompreendido. Desta vez, porém – ao contrário do domingo passado, em que Pedro repreende Nosso Senhor –, os discípulos, sem saber o que Ele dizia, ficaram com medo de falar. A prova de que não tinham entendido nada é dada no caminho, no qual eles ficam discutindo quem é o maior dentre eles.
Os discípulos estavam inquietos. O que os movia a perguntar aquilo não era apenas a sua soberba. Nos capítulos precedentes, eles viram Jesus dar o primado a São Pedro. Viram-no também ser chamado, junto com São Tiago e São João, para acompanhá-Lo ao monte Tabor no episódio da Transfiguração. Parecia bastante razoável, portanto, que perguntassem entre si quem seria o primeiro.
Nosso Senhor, de fato, sondando os seus corações, não lhes responde como se o Reino de Deus fosse uma "sociedade igualitária", sem primeiros nem últimos. Sem negar que há uma hierarquia entre os próprios eleitos, o que Ele faz é indicar o modo pelo qual se ascende em Seu reinado: "Se alguém quiser ser o primeiro (πρῶτος), que seja o último (ἔσχατος) de todos e aquele que serve (διάκονος) a todos!" (v. 35).
Com isso, Jesus ensina a Seus discípulos a virtude da humildade: não esconde deles o fato de que é "o Messias, o Filho do Deus vivo" (Mt 16, 16), mas, ao mesmo tempo, revela-Se como o servo sofredor do Antigo Testamento (cf. Is 53), que escolhe livremente passar pelo fracasso da Cruz antes de entrar na Sua glória. Essa mensagem, que soava absurda para o povo de Israel e para os Seus próprios seguidores, está condensada na bela passagem da Carta de São Paulo aos Filipenses, na qual ele fala da "ἐκένωσεν" de Cristo: "Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz!" (Fl 2, 6-8).
No Reino dos céus, o caminho da glória é descendente. Quem quiser ser o primeiro, deve ser como Maria, que passou a sua vida terrena no mais profundo escondimento, a ponto de São Luís Maria Grignion de Montfort chamá-la de "Mãe escondida e secreta":
"Durante a vida, Maria permaneceu muito oculta. É por isso que o Espírito Santo e a Igreja lhe chamam Alma Mater, Mãe escondida e secreta. A sua humildade foi tão profunda, que não teve na Terra atrativo mais poderoso nem mais contínuo que o de se esconder de si mesma e de toda criatura, para que só Deus a conhecesse.

A fim de atender aos pedidos que Ela lhe fez para que a ocultasse, empobrecesse e humilhasse, aprouve a Deus ocultá-la na sua conceição e nascimento, na sua vida, mistérios, ressurreição e assunção, aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios pais não a conheciam, e os anjos perguntavam muitas vezes entre si: 'Quem é esta?' (Ct 8, 5), porque o Altíssimo lha escondia ou, se alguma coisa lhes revelava a seu respeito, infinitamente mais lhes ocultava." [1]
Como recompensa por sua grande humildade, a Virgem Santíssima foi coroada de glória: "Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas" (Ap 12, 1).
Outro bom exemplo dessa virtude está em Santa Teresinha do Menino Jesus, cuja memória a Igreja celebra no próximo dia 1º de outubro. Dentro do próprio carmelo, por amor a Jesus, Teresinha escolhia o último lugar, as atividades mais simples, fazendo brilhar nos afazeres ordinários do dia a dia o brilho extraordinário da caridade. A tal ponto chegou o seu escondimento que as suas próprias companheiras de hábito se espantaram com o "furacão de glória" que se seguiu à sua morte, quando a sua fama alcançou os quatro cantos do mundo. O segredo da sua santidade, ela o revela em uma carta à sua prima, Maria Guérin, a qual reproduzimos na íntegra:
"Agradece muito a Deus por todas as graças que te concede e não sejas tão ingrata de as não reconheceres. Estás me parecendo uma camponesinha que um rei poderoso viesse pedir em casamento e que não ousaria aceitar, sob o pretexto de não ser bastante rica nem suficientemente educada aos costumes da corte sem refletir que seu pretendente conhece sua pobreza e sua fraqueza muito melhor do que ela mesma conhece... Maria, se tu nada és, não podes esquecer que Jesus é tudo, por isso, deves perder teu pequeno nada no seu tudo infinito e não mais pensar senão nesse tudo unicamente amável... Não podes desejar tampouco ver o fruto recolhido dos teus esforços; Jesus se compraz em guardar só para Ele estes pequenso nadas que o consolam... Enganas-te, minha querida, se crês que tua pequena Teresa anda sempre com ardor no caminho da virtude, ela é fraca e muito fraca, todos os dias faz disso uma nova experiência, mas, Maria, Jesus gosta de ensinar-lhe, como a são Paulo, a ciência de glorificar-se em suas enfermidades, é esta uma grande graça e peço a Jesus para ta ensinar, pois só aí se encontra a paz e o descanso do coração, quando nos vemos tão miseráveis não queremos já olhar para nós e só olhamos para único Bem-Amado!...

Minha querida Mariazinha, por mim não conheço outro caminho para se chegar à perfeição senão o "do amor"... Amar, como nosso coração é bem feito para isso!... Às vezes, procuro uma outra palavra para exprimir o amor, mas sobre a terra de exílio, as palavras são impotentes para traduzirem todas as vibrações de uma alma, por isso, é preciso ficarmos com esta única palavra: "Amar!..."

Mas, a quem o nosso pobre coração faminto de Amor o prodigalizará?... Ah! quem é bastante grande para isso... poderia um ser humano compreendê-lo... e, sobretudo, saberia retribuí-lo?... Maria, só há um ser capaz de compreender a profundeza desta palavra: Amar!... Só o nosso Jesus sabe retribuir-nos infinitamente mais do que lhe damos...

Maria do Santíssimo Sacramento!... teu nome te indica a missão... Consolar Jesus, fazê-lo amar pelas almas... Jesus sofre de amor e é preciso saber que a doença do amor não se cura senão pelo amor!... Maria, dá todo o teu coração a Jesus, ele tem sede e fome dele, o teu coração, eis o que ele quer a ponto de, para consegui-lo, consentir em morar num reduto sujo e obscuro!... Ah! como não amar um amigo que se submete a tão extrema indigência, como ousar alegar ainda a pobreza quando Jesus se faz semelhante à sua Noiva... Era rico e fez-se pobre para unir sua pobreza à pobreza de Maria do Santíssimo Sacramento... Que mistério de amor!...

Todos os meus cumprimentos à cara Colônia.

Meu coração está sempre com Maria do Santíssimo Sacramento, o sacrário é a casa do amor onde nossas duas almas estão reclusas... Tua Irmãzinha que te pede para não ser esquecida em tuas orações.

Irmã Teresa do Menino Jesus da Sagrada Face
nov. Carm. (ind.)" [2]
O sentido da humildade consiste, portanto, segundo as palavras de Santa Teresinha, no amor a Jesus. Só assim é possível compreender o sentido profundo desta lição de Nosso Senhor: "Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou" (v. 37). Às vezes, o pequeno a quem se deve prestar auxílio é o pobre e desvalido que mora nas ruas, ou mesmo a esposa e os filhos que estão em casa. O importante, em todas as ocasiões, é enxergar o valor sacramental do próximo: devemos aproximar-nos dos outros enxergando o Outro, que é Cristo, acolhendo o irmão "em Seu nome". Só assim é possível dizer, lavando os pés de um ser humano, que se lavam as chagas do próprio Cristo, como Ele mesmo diz: "Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!" (Mt 25, 40).
Quando se acolhe o outro "em Seu nome", porém, não se recebe apenas o Filho, mas também "aquele que o enviou". Trata-se do mistério da inabitação trinitária na alma, à qual várias vezes aludiu Nosso Senhor: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada" (Jo 14, 23).
Conscientes de que a Trindade Santa mora em nossa alma (se estamos em estado de graça), abandonemo-nos humildemente em Seus braços, como aqueles humildes de que fala São Jerônimo, os quais repousam (quiescunt), ao invés de se agitarem soberbamente: "Enquanto andavam, os discípulos disputavam quem era o primeiro; Jesus, ao contrário, se sentando, ensinou a humildade. Enquanto os príncipes se agitam (laborant), os humildes repousam" [3].

Referências

  1. São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 2-3.
  2. TERESA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE. Carta 109, para Maria Guérin (27-29 de julho de 1890). In: Obras Completas. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, pp. 426-427.
  3. São Jerônimo apud Catena Aurea in Marcum, 9, 4.

sábado, 19 de setembro de 2015

Sábado - Não esqueça de rezar o Rosário

Sábado Mariano Não esqueça o Rosário - Veja quantas enormes dádivas São Domingos recebeu por rezar o Santo Rosário!

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, e deste dia em dia diante esta foi a maior arma e o maior meio de alcançar graças de todo católico.


São Domingos, iluminado pelo Espírito Santo e instruído pela Santíssima Virgem,

Bem como por suas próprias experiências, pregou o Santo Rosário até o fim de sua vida. Ele o pregou por seu exemplo, bem como, em seus sermões, nas cidades e nos lugarejos, diante de grandes e pequenos, diante de sábios e ignorantes, a católicos e a hereges.

O Santo Rosário que ele rezava diariamente era sua preparação para cada sermão e sua ação de graças junto a Nossa Senhora imediatamente após as suas pregações.
Um dia ele tinha que pregar na Catedral Notre Dame de Paris, e era o dia da desta de São
João Evangelista.
Ele se encontrava numa pequena capela, atrás do altar mór, preparando-se em oração para seu sermão como era de costume, quando Nossa Senhora apareceu a ele e disse: “Domingos, mesmo que o que você preparou para pregar seja muito bom, estou lhe dando um sermão muito melhor.”
São Domingos pegou em suas mãos o livro que Nossa Senhora mencionou, leu o sermão cuidadosamente e quando o compreendeu e nele meditou, deu graças a Santíssima Mãe.
Quando chegou a hora, ele subiu ao público e, apesar de se tratar de dia de festa, não fez menção de São João a não ser quando falou que ele fora digno de ser guardião da Rainha dos Céus.
A assembleia era composta de teólogos e outras pessoas eminentes que estavam habituadas a ouvir discursos sábios e elegantes; mas São Domingos lhes disse que não era o seu desejo dirigir-lhes palavras cultas, sábias aos olhos humanos, mas que falaria na simplicidade do Espírito Santo e na Sua Virtude.
Então, ele começou a pregar sobre o Santo Rosário e explicou a Ave Maria palavra por palavra como se fosse a um grupo de crianças, utilizando-se das ilustrações simples que estavam no livro que Nossa Senhora lhe dera.
Cartagena, o grande estudioso citando o Bem-aventurado Alano de La Roche em “De Dignitate Psalterii,” descreve o seguinte: “O Bem-aventurado Alano escreve que um dia, São Domingos apareceu-lhe em uma visão e disse-lhe: “Meu Filho é bom pregar; mas há sempre o perigo de se procurar mais a eloquência do que a salvação de almas”.
Alano, ouça cuidadosamente o que me aconteceu em Paris, afim que você fique prevenido contra esta espécie de coisas enganosas:
Eu pregava na grande Igreja dedicada à Virgem Maria e estava ansioso em fazer um grade sermão, não por orgulho, mas por causa da alta intelectualidade da assistência.
Uma hora antes da minha pregação, eu estava em recolhimento, rezando meu Rosário, como sempre fazia antes de pregar um sermão, então eu caí em êxtase. Vi minha amada amiga, a Mãe de Deus dirigindo-se a mim com um livro na mão.
Disse-me ela: “Domingos, o sermão que você preparou para hoje está realmente muito bom, entretanto, o que trago para você é bem melhor.”
Certamente que fiquei maravilhado, peguei o livro e li cada palavra. Como Nossa Senhora disse, eu encontrei exatamente o que dizer em meu sermão, assim agradeci a ela de todo o meu coração.
Na hora de começar, vi que a Universidade de Paris concorrera com toda a força, tendo vindo também um grande número de cavalheiros que veriam e ouviriam as grandes coisas que o bom Senhor tinha feito por meu intermédio. Então subi ao púlpito.
Era festa de São João, o apóstolo, porém tudo o que disse sobre ele foi que tinha sido achado digno de ser o guardião da Rainha do Céu.
Então me dirigi à congregação: “Meus Caríssimos e ilustres Doutores da Universidade, vocês estão acostumados a ouvir sermões de conformidade com seus gostos apurados. Agora não mais lhes falarei numa linguagem da escola da sabedoria humana mas, ao contrário, vou lhes falar na linguagem do Espírito de Deus e Sua grandiosidade”.
Terminam aqui as narrações do Bem aventurado Alano, e Cartagena narra ainda com suas próprias palavras: “São Domingos explicava a Saudação Angélica a eles, usando comparações e exemplos da simplicidade do dia a dia da vida.”
O Bem aventurado Alano, de acordo com Cartagena, menciona outras vezes no qual Nosso SENHOR e Nossa Senhora apareciam a São Domingos, ordenando e inspirando-o a pregar o Santo Rosário mais e mais a fim de salvar os pecadores e converter os hereges.
Em outra passagem Cartagena diz:
O Bem aventurado Alano disse que Nossa Senhora lhe revelara que depois que ela apareceu a São Domingos, seu divino Filho Jesus apareceu-lhe também e disse:
“Domingos, eu me comprazo em ver que você não confia em sua própria sabedoria e que, ao invés de procurar a vaidade humana, está trabalhando com grande humildade em prol da salvação de almas.
Muitos pregadores querem desde o principio pregar ameaçadoramente contra os piores tipos de pecados, falhando em perceber que antes de se dar um medicamento doloroso, é necessário preparar o doente, colocando-o numa mentalidade receptiva a fim de se beneficiar por esse meio.
Eis porquê, antes de qualquer outra coisa, os sacerdotes devem tentar estimular o amor à oração nos corações das pessoas e especialmente um amor peloSaltério Angélico (Rosário).
Se ao menos eles todos começassem a rezá-lo e perseverassem nesta oração, Deus, em Sua Misericórdia, dificilmente recusaria em dar-lhes Sua graça. Por essa razão, eu quero que você pregue o meu Rosário.”
Em outro lugar, o Bem aventurado Alano diz:
Todos os sacerdotes rezam uma Ave Maria com os fiéis antes de pregar o sermão, pedindo pela graça de Deus. Eles assim o fazem por causa da revelação que São Domingos teve de Nossa Senhora.
Disse ela um dia:
“Meu filho, não fique surpreso ao ver seus sermões falharem em alcançar o resultado almejado. Você está tentando cultivar uma terra que não foi regada pela chuva. Recorda que quando Deus quis renovar a face da Terra, Ele enviou primeiro a chuva dos céus, e isto foi uma Saudação Angélica.
Desta maneira Deus recriou o Mundo. Exorta, pois, às pessoas, quando pregardes um sermão, a rezarem o Rosário pois assim fazendo, suas palavras darão fruto às suas almas.”
“São Domingos não esperou por obedecer, e daí em diante ele exerceu grande influência através de seus sermões”. Esta última referência é do “Livro dos Milagres do Santo Rosário” (escrito em italiano) e também encontrada nas obras de Justino (143.º sermão).
Fico feliz em poder citar estes bem conhecidos escritores palavra por palavra no original, em latim, para o benefício de algum sacerdote ou outra pessoa sábia que possa ter alguma dúvida dos poderes maravilhosos do Santo Rosário (N.T. – Omitimos as citações em latim com o fim de não dificultarmos o texto. Acima são citadas as mesmas referências em português).
Enquanto os sacerdotes seguiram o exemplo de São Domingos e pregaram a devoção ao Santo Rosário, a piedade e o fervor transbordaram através de todo o mundo cristão como também nas ordens religiosas que se devotaram ao Rosário.
Mas, desde que os fiéis começaram a negligenciar esta dádiva do Céu, toda espécie de pecados e desordem tem se espalhado largamente.
*   *   *
Fonte: retirado do livro “O Segredo do Rosário” de São Luis de Montfort.

visto em: http://osegredodorosario.blogspot.com.br/

Nossa Senhora de Guadalupe

Nossa Senhora de Guadalupe - no Nican Mopohua o mais antigo documento sobre a aparição.


As Aparições e o Milagre


Todos os escritos narrados sobre as aparições da Nossa Senhora de Guadalupe são inspirados no Nican Mopohua, ou Huei Tlamahuitzoltica, escrito em Nahuatl, a linguagem Azteca, pelo Índio erudito Antônio Valeriano em meados do século XVI.

Infelizmente o original deste trabalho não foi achado. Uma cópia foi primeiramente publicada em Nahuatl por Luis Lasso de la Vega em 1649. Isto é o que nós veremos aqui.

Segue-se aqui uma tradução para o Português:


Dez anos depois da tomada da Cidade do México, a guerra chegou ao fim e houve uma paz entre os povos. Desta maneira começou a brotar a fé, o conhecimento do Deus 

Verdadeiro, por quem nós vivemos. Neste tempo, no ano de mil quinhentos e trinta e um, nos primeiros dias do mês de dezembro, aconteceu que havia um pobre índio, chamado Juan Diego, inicialmente conhecido pelo nome nativo de Cuautitlan. No que diz respeito as coisas espirituais, ele pertencia ao Tlatilolco.


PRIMEIRA APARIÇÃO


Era sábado de madrugada, pouco antes do amanhecer, ele estava em seu caminho, a seguir seu culto divino e empenhado em sua tarefa. Ao chegar no topo da montanha conhecida como Tepeyacac, o dia amanhecia e ele ouviu cantos acima da montanha, assemelhando-se a cantos de vários lindos pássaros. De vez em quando, as vozes cessavam e parecia que o monte lhes respondia. O som, muito suave e deleitoso, sobrepassava do "coyoltototl" e do "tzinizcan" e de outros pássaros lindos que cantam. Juan Diego parou, olhou e disse para si mesmo: “Porventura, sou digno do que ouço? Será um sonho? Estou dormindo em pé? Onde estou? Será que estou agora em um paraiso terrestre de que os mais velhos nos falam a respeito? Ou quem sabe estou no céu?". Ele estava olhando para o oriente, acima da montanha, de onde vinha o precioso canto celestial e então de repente houve um silêncio. Então, ouviu uma voz por cima da montanha dizendo-o: "Juanito, Juan Dieguito.". Ele com coragem foi onde o estavam chamando, não teve o mínimo de medo, pelo contrário, encorajou-se e subiu a montanha para ver. Quando alcançou o topo, viu uma Senhora, que estava parada e disse-lhe para se aproximar. Em Sua presença, ele maravilhou-se pela Sua grandeza sobrehumana. Seu vestido era radiante como o sol, o penhasco onde estavam Seus pés, penetrado com o brilho, assemelhava-se a uma pulseira de pedras preciosas e a terra cintilava como o arco-íris. As "mezquites", "nopales", e outras ervas daninhas que ali estavam, pareciam como esmeraldas, sua folhagem como turquesas e seus ramos e espinhos brilhavam como ouro. Ele inclinou-se diante Dela e ouviu Sua palavra, suave e cortês, como alguém que encanta e cativa muito. Ela disse-lhe “Juanito, o mais humilde dos meus filhos, onde você está indo?” Ele respondeu: “Minha Senhora e Menina, eu tenho que chegar na Sua igreja no México, Tlatilolco, para seguir as coisas divinas, que nos dão e ensinam nossos sacerdotes, delegados de Nosso Senhor.”. Ela, então disse-lhe: “Saiba e entenda, você é o mais humilde dos meus filhos, Eu, a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por quem nós vivemos, do Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Eu desejo que um templo seja construido aqui, rapidamente; então, Eu poderei mostrar todo o meu amor, compaixão, socorro e proteção, porque Eu sou vossa piedosa Mãe e de todos os habitantes desta terra e de todos os outros que me amam, invocam e confiam em mim. Ouço todos os seus lamentos e remedio todas as suas misérias, aflições e dores. E para realizar o que a minha clemência pretende, vá ao palácio do Bispo do México e lhe diga que Eu manifesto o meu grande desejo, que aqui neste lugar seja construido um templo para mim. Você dirá exatamente tudo que viu, admirou e ouviu. Tenha certeza que ficarei muito agradecida e lhe recompensarei. Porque Eu farei você muito feliz e digno da minha recompensa, por causa do esforço e fadiga que você terá, para cumprir o que Eu lhe ordeno e confio. Observe, você ouviu minha ordem, meu humilde filho, vá e coloque todo seu esforço.” Neste ponto ele inclinou-se diante Dela e disse: "Minha Senhora, Eu estou indo cumprir Tua ordem, agora me despeço de Ti, Teu humilde servo". Logo desceu para cumprir sua tarefa e foi em linha reta pela estrada, até a Cidade do México.


SEGUNDA APARIÇÂO


Tendo entrado na cidade, sem perder tempo, foi direto ao palácio do Bispo, que chegara recentemente e se chamava Frei Juan de Zumarraga, um religioso Franciscano. Ao chegar, procurou vê-lo, pediu ao criado para anunciá-lo. Esperou muito tempo. Quando entrou, se ajoelhou e disse ao Bispo a mensagem da Nossa Senhora do Céu, bem como tudo que havia visto, escutado e admirado. Porém, após ouvir toda a conversa, o Bispo incrédulo disse-lhe: "Volte depois, meu filho e eu lhe ouvirei com muito prazer. Eu examinarei tudo e pensarei no motivo pelo qual você veio". Juan Diego saiu triste, porque sua mensagem não se realizou de forma alguma.

Retornou no mesmo dia. Foi diretamente ao topo da montanha, encontrou-se com a Senhora do Céu, que o esperava no mesmo lugar, onde tinha aparecido. Vendo-A, prostrou-se diante Dela e disse: "Senhora a Caçulinha de minhas filhas, minha Menina, eu fui onde você mandou para levar Sua mensagem, como me havia instruido. Ele recebeu-me benevolentemente e ouviu-me atentamente, mas quando respondeu, pareceu-me não acreditar. Ele disse: "Volte depois, meu filho e eu o ouvirei com muito prazer. Examinarei o desejo que você trouxe, da parte da Senhora". Entendo pelo seu modo de falar, que não acredita em mim e que seja invenção da minha parte, o Seu desejo de construção de um templo neste lugar para Você. E que isso não é Sua ordem. Por isso eu, encarecidamente lhe peço, Senhora e minha Criança, que instrua a alguém mais importante, bem conhecido, respeitado e estimado para que acreditem. Porque eu não sou ninguém, sou um barbantinho, uma escadinha de mão, o fim da cauda, uma folha. E você, minha Criança, a minha filhinha caçula, minha Senhora, envia-me a um lugar onde eu nunca estive! Por favor, perdoe o grande pesar e aborrecimento causado, minha Senhora e meu Tudo.”

A Virgem Santíssima respondeu: “Escuta, meu filho caçula, você deve entender que eu tenho vários servos e mensageiros, aos quais Eu posso encarregar de levar a mensagem e executarem o meu desejo, mas eu quero que você mesmo o faça. Eu fervorosamente imploro, meu caçula, e com severidade Eu ordeno que volte novamente amanhã ao Bispo. Você vai em meu Nome e faça saber meu desejo: que ele inicie a construção do templo como Eu pedi. E novamente diga que Eu, pessoalmente, a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus Vivo, lhe ordenei.”

Juan Diego respondeu: “Senhora, minha Criança, não deixe que eu lhe cause aflição. Alegremente e de bom grado eu irei cumprir Sua ordem. De nenhuma maneira irei falhar e não será penoso o caminho. Irei realizar seu desejo, mas acho que não serei ouvido, ou se fôr, não acreditarão. Amanhã ao entardecer, trarei o resultado da Sua mensagem com a resposta do Bispo. Descanse neste meio tempo.”. Ele, então, foi para sua casa.


TERCEIRA APARIÇÃO


No dia seguinte, domingo, antes do amanhecer, ele deixou sua casa e foi direto ao Tlatilolco, para ser instruído em coisas divinas, e em seguida estar presente a tempo para ver o Bispo. Por volta das 10 horas, estando em cima da hora, após participar da Missa e o povo ter dispersado, ele apressadamente se foi. Pontualmente, Juan Diego foi ao palácio do Bispo. Mal chegou, ansioso já estava para tentar vê-lo. E novamente com muita dificuldade, o Bispo estava à sua frente. Ajoelhou-se diante de seus pés, entristecidamente e chorando, expôs a ordem de Nossa Senhora do Céu, e que por Deus, acreditasse em sua mensagem, de que o desejo da Imaculada de erguer um templo onde Ela queria, fosse realizado. O Bispo para assegurar-se, fez várias perguntas, onde ele A tinha visto e como Ela era. E ele descreveu perfeitamente em detalhes ao Bispo. Apesar da precisa descrição de Sua imagem, e tudo que ele tinha visto e admirado, que em tudo refletia ser a Sempre Virgem Santíssima Mãe do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bispo não deu crédito e disse que somente pela sua súplica, não atenderia o seu pedido, que aliás, um sinal era necessário; só então acreditaria, ser ele enviado pela verdadeira Senhora do Céu. Após ouvir o Bispo, disse Juan Diego: “Meu senhor, escuta! Qual deve ser o sinal que o senhor quer? Para eu pedir a Senhora do Céu que me enviou aqui”. O Bispo, vendo que ele ratificava tudo sem duvidar, nem retratar nada, o despediu. Imediatamente, ordenou algumas pessoas de sua casa, e de inteira confiança, para segui-lo e olhar onde ele ia, a quem ele via e falava. E assim foi feito. Juan Diego veio direto pela estrada. Aqueles que o seguiam, após cruzarem o barranco perto da ponte do Tepeyacac, perderam-no de vista. Eles procuraram por todos os lugares, mas não puderam mais vê-lo. Retornaram com muita raiva, não somente porque estavam aborrecidos, mas também por ficarem impedidos do objetivo. E o que eles informaram ao Bispo, o influenciou a não acreditar em Juan Diego. Eles lhe disseram que foi enganado. Juan Diego apenas forjou o que veio dizer, e a sua mensagem e pedido não passava simplesmente de um sonho. Eles então arquitetaram um plano, que se ele de alguma forma voltasse, eles o prenderiam e o puniriam com severidade e de tal forma que ele jamais mentiria ou enganaria novamente.

Entretanto, Juan Diego estava com a Virgem Santíssima, contando-lhe a resposta que trazia do senhor Bispo. A Senhora, após ouvir, disse-lhe: ”Muito bem, meu queridinho, você retornará aqui amanhã, então levará ao Bispo o sinal por ele pedido. Com isso ele irá acreditar em você, e a este respeito, ele não mais duvidará nem desconfiará de você, e sabe, meu queridinho, Eu o recompensarei pelo seu cuidado, esforço e fadiga gastos em Meu favor. Vá agora. Espero você aqui amanhã“.


QUARTA APARIÇÂO


No outro dia, segunda-feira, quando Juan Diego teria que levar um sinal pelo qual então acreditariam, ele não pode ir porque, ao chegar em casa, seu tio chamado Juan Bernardino, estava doente e em estado grave. Primeiro foi chamar um médico que o auxiliou, mas era tarde, e o estado de seu tio era muito grave. Por toda a noite seu tio pediu que, ao amanhecer, ele fosse ao Tlatilolco e chamasse um sacerdote, para prepará-lo e ouví-lo em confissão, porque certamente sua hora havia chegado, pois não mais levantaria ou melhoraria de sua enfermidade.

Na terça-feira, antes do amanhecer, Juan Diego ia de sua casa ao Tlatilolco para chamar o sacerdote, e ao aproximar-se da estrada que liga a ladeira ao topo do Tepeyacac, em direção ao oeste onde estava acostumado a passar, disse: “Se eu seguir adiante, a Senhora estará esperando-me, e eu terei que parar e levar o sinal ao Bispo, como pressuponho. A primeira coisa que devemos fazer apressadamente, é chamar o sacerdote, porque meu pobre tio certamente o espera.” Então, contornou a montanha, deu várias voltas, de forma que não poderia ser visto por Ela, que pode ver todos os lugares. Mas, ele A viu descer do topo da montanha e estava olhando na direção onde eles anteriormente se encontraram. Ela aproximou-se dele pelo outro lado da montanha e disse: “O que há, meu caçula? Onde você esta indo?”Ele estava afligido, envergonhado, ou assustado? Ele inclinou-se diante dela e A saudou dizendo: “Minha Criança, a mais meiga de minhas filhas, senhora, Deus permita que você esteja contente. Como você está nesta manhã? Está bem de saúde? Senhora e minha Criança. Vou lhe causar um pesar. Sabe, minha Criança, um de Seus servos, está muito doente, meu tio. Ele contraiu uma peste, e está perto de morrer. Eu estou indo depressa à Sua casa no México para chamar um de Seus sacerdotes, querido pelo Nosso Senhor, para ouvir sua confissão e absolvê-lo, porque desde que nós nascemos, aguardamos o trabalho de nossa morte. De forma que, se eu for, retornarei aqui brevemente, então levarei Sua mensagem. Senhora e minha Criança, perdoe-me, seja paciente comigo. Eu não Te enganarei, minha Caçula. Amanhã eu voltarei o mais rápido possível.”

Depois de ouvir toda a conversa de Juan Diego, a Santíssima Virgem respondeu: “Escuta-Me e entenda bem, meu caçula, nada deve amedontrar ou afligir você. Não deixe seu coração perturbado. Não tema esta ou qualquer outra enfermidade, ou angústia. Eu não estou aqui? Quem é sua Mãe? Você não está abaixo de minha proteção? Eu não sou sua saúde? Você não está feliz com o meu abraço? O que mais pode querer? Não tema nem se perturbe com qualquer outra coisa. Não se aflija por esta enfermidade de seu tio, por causa disso, ele não morrerá agora. Tenha certeza de que le já está curado.” ( E então, seu tio foi curado, como mais tarde se soube.)

Quando Juan Diego ouviu estas palavra da Senhora do Céu, ele ficou enormemente consolado. Estava feliz. Prometeu que, quanto antes, estaria na presença do Bispo, para levar o sinal ou prova, a fim de que cresse. A Senhora do Céu ordenou que subisse ao topo da montanha, onde eles anteriormente haviam se encontrado. Ela disse-lhe: “Suba, meu caçula, ao topo da montanha; lá onde você Me viu e lhe dei a ordem, você encontrará diferentes flores. Corte-as, juntes-as, então volte aqui e traga-as em minha presença.” Imediatamente Juan Diego subiu a montanha, e quando atingiu o topo, ele espantou-se pela variedade de esquisitas rosas de Castilha que haviam brotado bem antes do tempo, porque, estando fora da época, deveriam estar congeladas. Elas estavam muito fragantes e cobertas com o orvalho da noite, assemelhando-se a pérolas preciosas. Imediatamente ele começou a cortá-las. Recolheu todas e colocou-as em seu tilma. O topo da montanha era um lugar impossível de nascer qualquer tipo de flor, porque havia vários penhascos, cardos, espinhos e ervas daninhas. Ocasionalemente as ervas cresceriam, mas era mês de dezembro, na qual toda vegetação é destruida pelo frio. Ele voltou imediatamente e entregou as diferentes rosas que havia cortado para a Senhora do Céu, que ao vê-las, tocou-as com suas mãos e de novo colocou-as de volta no tilma, diendo: “Meu caçula, esta variedade de rosas é a prova e sinal que você levará ao Bispo. Você irá dizer em meu nome que nelas ele verá o meu desejo e que deverá realizá-lo. Você é meu embaixador, muito digno de confiança. Rigorosamente eu ordeno que apenas diante da presença do Bispo, você desenrole o manto e descubra o que está carregando. Você contará tudo direito. Que Eu ordenei você a subir ao topo da montanha, e cortar estas flores, e tudo que você viu e admirou, então, você pode induzir ao Bispo dar a sua ajuda, com o objetivo de que um templo seja construído e erguido como Eu tenho pedido”.

Depois que a Senhora do Céu deu seu aviso, ele se pôs a caminho pela estrada que dava diretamente ao México. Estava feliz e seguro de seu sucesso, carregando com grande carinho e cuidado o que continha dentro de seu tilma. De tal forma que nada poderia escapar de suas mãos, a não ser a maravilhosa fragância das variadas e belas flores.


O MILAGRE DA IMAGEM


Ao chegar ao palácio do Bispo, encontrou-se com o secretário e outros criados do mesmo. Ele os suplicou para dizer que desejava vê-lo, mas ninguém consentiu, não pretendendo ouví-lo, provavelmente porque era muito cedo, ou talvez, já sabiam como ele os incomodava porque era-lhes inoportuno, e além disso eles foram avisados pelos seus companheiros, que o haviam perdido de vista quando o estavam seguindo.

Ele esperou por muito tempo. Quando viram que estava esperando por tanto tempo, em pé, cabisbaixo, sem nada fazer, somente esperando ser chamado, e aparentando trazer algo em seu tilma, eles chegaram perto na tentativa de matar suas curiosidades. Juan Diego, vendo que não poderia esconder o que trazia, e que por isso, poderia ser molestado, empurrado ou até quem sabe, apanhar, descobriu um pouco o seu tilma, onde estavam as flores, e ao verem que eram flores e todas diferentes e por não se tratar da época de darem, eles ficaram completamente atônitos, da mesma forma por estarem tão novas, tão abertas, tão fragantes e tão preciosas. Eles tentaram pegar algumas, mas não tiveram sucesso depois de três tentativas. Ao tentar pegá-las, elas não pareciam flores reais, em vez disso, pareciam estar pintadas, estampadas, ou costuradas na roupa. Então eles foram dizer ao Bispo o que havia acontecido e que aquele índio que tantas vezes lá estivera, novamente tentava vê-lo e por muito tempo já o aguardava.

O Bispo se deu conta de que aquilo era a prova, para confirmar e concordar com o pedido do índio. Imediatamente ordenou a sua entrada. tão logo Juan Diego entrou, ajoelhou-se diante dele, como estava acostumado a fazer, e de novo disse o que tinha visto e admirado, bem como a mensagem. Ele disse: "O senhor pediu para que fosse dizer a minha Ama, a Senhora do Céu, Santa Mãe preciosa de Deus, que desejava um sinal, e só assim então, acreditaria em mim, que deveria ser construído um templo onde Ela pediu para ser erguido. Também, dei-Lhe a minha palavra que lhe traria algum sinal ou prova por você pedido, de Sua vontade. Ela condescendeu ao seu recado e acolheu o seu pedido, com algum sinal e prova para que se cumpra a Sua vontade. Hoje, bem cedo, Ela enviou-me para vê-lo. Eu pedi pelo sinal para você acreditar em mim, e Ela disse que me daria. Enviou-me ao topo da montanha, onde eu costumo vê-la, para cortar uma variedade de rosas. Depois de cortá-las e de trazê-las para baixo, Ela segurou-as em Suas mãos e colocou-as em minha roupa, para então trazê-las e entrega-las à sua pessoa. Contudo eu sabia que o topo da montanha era um lugar que não dava flores, porque há vários penhascos, cardos, espinhos e ervas daninhas, e eu tinha minhas dúvidas. Tão logo aproximei do topo da montanha, vi que estava em um paraíso, onde havia grande variedades de rosas esquisitas, num orvalho brilhante, e eu imediatamente passei a cortá-las. Ela disse-me que deveria trazê-las a você, e assim eu faço, para que, nelas, creia no sinal por você pedido e cumpra com Seu desejo e também que fique transparente a veracidade de minhas palavras e minha mensagem. Aqui estão elas. Recebe-as.”

Desenrolou a roupa, onde estavam as flores, e quando elas se espalharam no chão, todas as diferentes rosas, derepente apareceu desenhado na roupa, a preciosa Imagem da Sempre Virgem Santa Maria, Mãe de Deus, da mesma maneira como hoje ela é guardada no templo do Tepeyacac, chamada Guadalupe.

Quando o Bispo viu a imagem, ele e todos que estavam presentes caíram de joelhos. Ela foi admiradíssima. Eles levantaram-se para vê-la, e tremendo com grande arrependimento, contemplaram-na em em seus corações e pensamentos. O Bispo em profundo arrependimento chorava, rezando e pedindo perdão por não ter atendido ao Seu desejo. Ao se por de pé, desamarrou do pescoço de Juan Diego a roupa que aparecia a Imagem da Senhora do Céu. Levou-a para ser colocada em sua capela. Juan Diego permaneceu por mais um dia na casa do Bispo, a seu pedido.

No dia seguinte disse a ele: "Bem! Mostre-nos onde a Senhora do Céu desejava ser erguido o Seu templo". Imediatamente, convidou a todos para lá.


APARIÇÃO A JUAN BERNARDINO

Mal havia Juan Diego apontado onde a Senhora do Céu mandou que se erguesse o Seu templo, pediu licença para ir embora. Queria, agora, ir para sua casa para ver seu tio Juan Bernardino. O qual estava num estado muito grave, quando deixou e veio a Tlatitolco para chamar um sacerdote, que fosse confessá-lo e absolvê-lo, e lhe disse a Senhora do Céu que já o havia curado. Mas, eles não o deixaram sozinho, e o acompanharam até sua casa.

Logo que chegaram, viram que seu tio estava muito contente e que nada sentia. Assutou-se ao ver seu sobrinho tão bem acompanhado e honrado, perguntando qual a razão pela honra. Respondeu seu sobrinho que, quando partiu para chamar o sacerdote que lhe confessaria e absolveria, lhe apareceu no Tepeyacac a Senhora do Céu, dizendo-lhe que não se afligisse, pois, seu tio estava bem. Muito confortado, foi ao México para encontrar-se com o senhor Bispo, para que edificasse uma casa no Tepeyacac.

Disse seu tio, estar certo de que havia sido curado e que A viu do mesmo modo que aparecera a seu sobrinho, sabendo por Ela que o havia enviado ao México para ver o Bipo. Disse-lhe então a Senhora que, quando fosse ver o Bispo, lhe revelaria o que viu e de que maneira milagrosa lhe havia curado. E também como a chamariam, e a Sua Bendita Imagem, a Sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe.

Levaram Juan Bernardino a presença do senhor Bispo, para ser informado e dar seu testemunho diante dele. Ambos, ele e o seu sobrinho, foram hospedados pelo Bispo em sua casa por alguns dias, até que se ergueu o templo da Rainha no Tepeyacac, onde Juan Diego A viu.

O senhor Bispo transferiu a sagrada imagem da amada Senhora do Céu para a Igreja principal, retirando-a de sua capela em seu palácio. Onde ela se encontrava, para que todos pudessem ver e admirar Sua bendita imagem. Toda a cidade se comoveu: vinham ver e admirar sua devota imagem e fazer suas orações. Muitos se maravilharam, por ter acontecido tal milagre divino, porque nenhuma pessoa deste mundo pintou sua preciosa imagem.


Fonte: http://www.sancta.org

Postado por Roosevelt Maria de Castro