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segunda-feira, 30 de março de 2015

NOSSA SENHORA DAS DORES


NOSSA SENHORA DAS DORES
Rememorando com piedade os sofrimentos que por nossa salvação padeceu a
Virgem Maria, recebemos de Deus grandes graças e benefícios. E cumprimos
um preceito do Espírito Santo:  "Não te esqueças dos gemidos de tua mãe"
Nossa Senhora das Dores_B.jpg
É impossível não sentir profunda emoção ao contemplar alguma expressiva imagem da Mater Dolorosa e meditar estas palavras do Profeta Jeremias, que a piedade católica aplica à Mãe de Deus: "Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor" (Lm 1, 12). A esta meditação nos convida a Liturgia do dia 15 deste mês, dedicado a Nossa Senhora das Dores. Antes de fazer parte da liturgia, as dores de Maria Santíssima foram objeto de particular devoção.

Os primeiros traços deste piedosa devoção encontram-se nos escritos de Santo Anselmo e de muitos monges beneditinos e cistercienses, tendo nascido da meditação da passagem do Evangelho que nos mostra a dulcíssima Mãe de Deus e São João aos pés da Cruz do divino Salvador.

Foi a compaixão da Virgem Imaculada que alimentou a piedade dos fiéis. Somente no século XIV, talvez opondo-se às cinco alegrias de Nossa Senhora, foi que apareceram as cinco dores que variariam de episódios:

1. A profecia de Simeão
2. A perda de Jesus em Jerusalém
3. A prisão de Jesus
4. A paixão
5. A morte

Logo este número passou para dez, mesmo quinze, mas o número sete foi o que prevaleceu. Assim, temos as sete horas, uma meditação das penas de Nossa Senhora, durante a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo:

Matinas - A prisão e os ultrajes
Prima - Jesus diante de Pilatos
Terça - A condenação
Sexta - A crucifixão
Nona - A morte
Vésperas - A descida da cruz
Completas - O sepultamento

As chamadas Sete Espadas desenvolvem-se por circunstâncias escolhidas dentre as da vida da Santíssima Virgem:

Primeira Espada: Outra não é que a da profecia de Simeão.
Segunda Espada: O massacre dos inocentes, a mandado de Herodes.
Terceira Espada: A perda de Jesus em Jerusalém, quando o Salvador então contava doze anos de idade, feito homem.
Quarta Espada: A prisão de Jesus e os julgamentos iníquos, pelos quais passou.
Quinta Espada: Jesus pregado na Cruz entre os dois ladrões e a morte.
Sexta Espada: A descida da Cruz.
Sétima Espada: A sepultura de JesusAs sete tristezas de Nossa Senhora formam uma série um pouco diferente:
Nossa Senhora das Dores_A.jpg
1. A profecia de Simeão
2. A fuga para o Egito
3. A perda de Jesus Menino, depois encontrado no Templo
4. A prisão e a condenação
5. A Crucifixão e a morte
6. A descida da Cruz
7. A tristeza de Maria, ficando na terra depois da Ascensão.

Este total de sete, que os simbolistas cristãos tanto amam, impunha uma escolha entre os episódios da vida da Santíssima Virgem, por isso que se explicam certas diferenças. A série que acabou por dominar é a seguinte:

1. A profecia de Simeão

Havia então em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem (era) justo e temente (a Deus), e esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte, sem ver primeiro Cristo (o ungido) do Senhor. Foi ao templo (conduzido) pelo Espírito de Deus. E levando os pais, o Menino Jesus, para cumprirem as prescrições usuais da lei a seu respeito, ele o tomou em seus braços, e louvou a Deus, dizendo:

- Agora, Senhor, podes deixar partir o teu servo em paz, segundo a tua palavra; Porque os meus olhos viram tua salvação. A qual preparaste ante a face de todos os povos; luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo.

Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua Mãe:

- Eis que este Menino esta posto para ruína e para ressurreição de muitos em IsraelNossa Senhora das Dores_A.jpg, e para ser alvo de contradição. E uma espada trespassará a tua alma, a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos nos corações de muitos. (Lc. 2, 25-35)

2. A fuga para o Egito

Então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela; e, enviando-os a Belém, disse:

- Ide e informai-vos bem acerca do menino, e, quando o encontrardes, comunicai-mo, a fim de que também eu o vá adorar.

Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente. Ia adiante deles, até que, chegando sobre onde estava o menino, parou. Vendo (novamente) a estrela, ficaram possuídos de grandíssima alegria. E, entrando na casa, viram o Menino com Maria, sai mãe e, prostrando-se o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes, ouro, incenso e mirra. E, avisados por Deus em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, e lhe disse:

- Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para lhe tirar a vida. E ele, levantando-se de note, tomou o menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito; e lá esteve até a morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor, por meio do profeta que disse: Do Egito chamei o meu Filho (Mt. 2. 7-15)

3. A perda de Jesus em Jerusalém

Seus pais iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando chegou aos doze anos, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa, acabados os dias (que ela durava), quando voltaram, ficou o Menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o advertissem. Julgando que ele fosse na comitiva, caminharam uma jornada, e (depois) procuraram-no entre os parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém em busca dele. Aconteceu que, três dias depois, encontraram-no no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que ouviam, estavam maravilhados da sua sabedoria e das suas respostas. Quando o viram, admiraram-se. E sua Mãe disse-lhe:

- Filho, por que procedeste assim conosco? Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição. Ele lhes disse:

- Para que me buscáveis? Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de meu Pai? Eles, porém, não entenderam o que lhes disse (Lc. 2, 41-50)

4. O encontro de Jesus no caminho do Calvário

Quando o iam conduzindo, agarraram um certo (homem chamado) Simão Cireneu, que voltava do campo; e puseram a cruz sobre ele, para que a levasse após Jesus. Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres as quais batiam no peito, e o lamentavam. Porém, Jesus, voltando-se para elas, disse:

- Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos. Porque eis que virá tempo em que se dirá: Ditosas as estéreis, e (ditosos) os seios que não geraram, e os peitos que não amamentaram. Então começarão (os homens) a dizer aos montes: Cai sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos (Os. 10, 8): Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco: (Lc. 23, 26-31)

5. A crucifixão

Então, entregou-lhe para que fosse crucificado. Tomaram, pois Jesus, o qual, levando a sua cruz, saiu para o lugar que se chama Calvário, e em hebraico Gólgota, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de um lado, outro de outro lado, e Jesus no meio. Pilatos escreveu um título, e o pôs sobre a Cruz. Estava escrito nele: JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS.

Muitos dos judeus leram este título, porque estava perto da cidade o lugar onde Jesus foi crucificado. Estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Diziam, porém, a Pilatos, os pontífices dos judeus:

- Não escrevas reis dos Judeus, mas o que ele disse? Eu sou o Rei dos Judeus. Respondeu Pilatos:

- O que escrevi, escrevi.

         Os soldados, pois, depois de terem crucificado Jesus tomaram os seus vestidos (e fizeram dele quatro partes, uma para cada soldado) e a túnica. A túnica, porMater Dolorosa.jpgém, não tinha costura, era toda tecida de alto a baixo, Disseram, pois, uns para os outros:

- Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver a quem tocará.

Cumpriu-se deste modo a Escritura, que diz: Repartiram os meus vestidos entre si, e lançaram sortes sobre a minha túnica (S. 21, 19). Os soldados assim fizeram. Entretanto, estavam de pé junto à cruz de Jesus, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cleofas, e Maria Madalena. Jesus, vendo sua Mãe, e junto dela o discípulo que ele amava, disse a sua Mãe:

- Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo:

- Eis aí a tua Mãe. E, desta hora por diante, levou-a o discípulo para sua casa.Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado para se cumprir a Escritura, disse:

- Tenho sede.

Tinha sido ali posto um vaso cheio de vinagre. Então (os soldados), ensopando no vinagre uma esponja, e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-lha à boca. Jesus tendo tomado o vinagre, disse:

Mater Dolorosa.jpg- Tudo está consumado. E inclinando a cabeça, rendeu o espírito (Jo 19, 16-30)

6. A descida da Cruz

Então um homem chamado José, que era membro do Sinédrio, varão bom e justo, o qual não tinha concordado com a determinação dos outros, nem com os seus atos, (oriundo) de Arimatéia, cidade da Judéia, que também esperava o reino de Deus, foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus: e, tendo-o descido (da Cruz), envolveu-o num lençol. (Lc 23, 50-53).

7. O sepultamentoOra, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um sepulcro novo, em que ninguém ainda tinha sido sepultado. Por ser o dia da Parasceve dos Judeus, visto que o sepulcro estava perto, depositaram aí Jesus (Jo 19, 41-42)

No século XV, o século que conheceu a grande cintilação da devoção a Nossa Senhora das Sete Dores, foi que surgiram os mais tocantes testemunhos daquela devoção nas artes. E os artistas, sempre a procura de episódios que mais tocassem a sensibilidade dos cristãos, acabaram por trazer, com predileção, o que deveria ser o mais doloroso da vida de nossa Mãe Bendita - o momento, pungente em que, desligado da Cruz, o Salvador, inerte, pousara sobre os puros joelhos da Senhora. (Vida dos Santos, Padre Rohbacher)

NSRA DORES

O valor da Santa Missa


O Valor da Santa Missa

biblia20sagrada_jpg1Vejamos o que os Santos ensinam sobre o valor da Santa Missa:
“Na hora da morte, as missas que houveres assistido serão a tua maior consolação. Toda missa implora o teu perdão junto à justiça divina.”
“Em toda missa podemos diminuir a pena temporal devida aos teus pecados, e diminuí-la mais ou menos consoante o teu fervor. Assistindo com devoção à missa, prestas a maior das honras à santa humanidade de Jesus Cristo. Ele compadece-se de muitas das tuas negligências e omissões.”
“Perdoa-te os pecados veniais não confessados, dos quais porém te arrependeste.”
“Diminui o império de satanás sobre ti.”
“Sufraga as almas do purgatório da melhor maneira possível.”
“Uma só missa que houveres assistido em vida ser-te-ás mais salutar que muitas a que outros assistirão, por ti depois de tua morte, pois pela Missa participas da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.”
“A Missa preserva-te de muitos perigos e desgraças que te abateriam.”
“Toda Missa diminui o teu purgatório.”
“Toda Missa alcança-te um grau de glória maior no céu.”
“És abençoado em teus negócios e interesses pessoais.”
“Fica sabendo, ó cristão, que mais merece ouvir devotamente uma só missa do que com distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra.” (S. Bernardo).
“Nosso Senhor nos concede tudo o que lhe pedimos na Santa Missa : o que mais vale é que nos dá ainda o que nem se quer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é necessário.” (S. Jerônimo).
“Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa que zelo não teríamos em assistir a ela.” (Cura d’Ars).
“A Missa é o sol da Igreja. ” (São Francisco de Sales)

domingo, 29 de março de 2015

Domingo de Ramos

ramos_top.jpg
O Domingo de Ramos, com hosanas, saudações e louvores, prefigura a vitória de 
Cristo sobre a  morte e o pecado. É o portal de entrada para a Paixão
de Cristo: a Semana Santa  inicia-se com ele. Que lições ele nos traz?
Que frutos e graças dele podemos tirar?
O Domingo de Ramos é a comemoração litúrgica que recorda a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém onde Ele iria celebrar a Páscoa judaica com seus discípulos.
Ele é o portal de entrada da Semana Santa. É no Domingo de Ramos que se inicia a Semana da Paixão. É o dia em que a Igreja lembra Nosso Senhor entra em Jerusalem_.jpga história e a cronologia desses acontecimentos para dele tirarmos uma lição.
Um Rei entra na cidade montando um jumento
Já desde a entrada da cidade, os filhos dos hebreus portavam ramos de oliveiras e alegres acenavam com eles, estendiam mantos no chão para Jesus passar sobre eles. Jesus entrou na cidade como Rei!
Até parece que era um desejo d'Ele que fosse assim, pois, a cena em que tudo transcorre reproduz a profecia de Zacarias: o rei dos judeus virá. Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta.(Zc 9,9)
Embora Jesus montasse um simples jumento, o cortejo caminhava, alegre e digno. Na expectativa de estar ali o Messias prometido, Jerusalém transformou-se, era uma cidade em clima de festa.
E Ele era aplaudido, aclamado pelo povo: "Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas". Isto aconteceu alguns dias antes de que Jesus fosse condenado à morte, quando os ecos dos gritos de "hosana" já se misturavam ao clamor de insultos, ameaças e blasfêmias que o levariam a sua Paixão redentora.
Que tipo de Messias queriam aqueles judeus?
Da entrada festiva como rei em Jerusalém até o deboche da flagelação, da coroação de espinhos e da inscrição na cruz (Jesus de Nazaré, rei dos Judeus), somos levados a perguntar: Que tipo de rei aquele povo queria? E que tipo de rei era Jesus? Nosso Senhor era aclamado pelo mesmo povo que o tinha visto alimentar multidões. Era aplaudido por aqueles que o viram curar cegos e aleijados e, ainda há pouco, tinham presenciado a ressurreição de Lázaro.
Impressionada com tudo isso aquela gente tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos Profetas. Mas, aquele povo era superficial e mundano, julgava que Jesus fosse um Messias político, um libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão. E nisso estavam equivocados, enganados: Ele não era um Rei deste mundo!
Seus corações apreciavam Jesus de modo incompleto
A entrada de Jesus em Jerusalém foi uma introdução para as dores e humilhações que logo Ele sofreria abundantemente: a mesma multidão que o homenageou movida por seus milagres, virou-lhe as costas e pediu sua morte.
No Domingo de Ramos fica patente como o povo apreciava Jesus de um modo incompleto. É verdade que O aclamaram, porém, Ele merecia aclamações incomensuravelmente superiores. Merecia uma adoração amorosa, bem diversa da que lhe foi dada!
No entanto, cheio de humildade, lá ia Nosso Senhor Jesus Cristo sentado num burrico, avançando em meio à multidão ruidosa, impulsionando todos ao amor de Deus.
Só uma pessoa O entendeu naquela hora
Em geral, as pinturas e gravuras apresentam Nosso Senhor olhando pesaroso e quase severo para a multidão. Para Ele, o interior das almas não oferecia segredo. Ele percebia a insuficiência e a precariedade daquela ovação.
Apenas uma pessoa percebia o que estava acontecendo com Jesus e sofria com Ele. E essa pessoa oferecia sua dor de alma como reparação de seu amor puríssimo a Nosso Senhor: era Nossa Senhora.
Mas, ...que requinte de glória para Nosso Senhor! Era o maior deles porque Nossa Senhora vale incomparavelmente mais do que toda a Criação. Naquelas circunstancias, Maria representava todas as almas piedosas que, meditando a Paixão de nosso Salvador, haveriam de ter compaixão e pena d'Ele. Almas que lamentariam não terem vivido naquele tempo para poderem, então, ter tomado posição ao lado de Jesus.
Domingo de Ramos em minha vida?
Existe um defeito que diminui a eficácia das meditações que fazemos. Este defeito consiste em meditar os fatos da vida de Nosso Senhor e não aplicá-los ao que sucede em nós ou em torno de nós.
Assim, por exemplo, a nós espanta a versatilidade e ingratidão dos judeus que assistiram a entrada de Jesus em Jerusalém. Nós os censuramos porque proclamaram com a mais solene recepção o reconhecimento da honra que se deveria ter ao Divino Salvador e, pouco depois, O crucificaram com um ódio tal que a muitos chega a parecer inexplicável.
Essa ingratidão, essa versatilidade para mudanças de opinião e atitudes não existiram apenadomingo de ramos.jpgs nos homens dos tempos de Nosso Senhor! A atitude das pessoas contemporâneas de Jesus, festejando sua entrada em Jerusalém e depois abandonando-O à mercê de seus algozes, assemelha-se a muitas atitudes que tomamos.
Muitas vezes louvamos a Cristo e nos enchemos de boas intenções para seguir os seus ensinamentos, porém, ao primeiro obstáculo, nos deixamos levar pelo desânimo, ou pelo egoísmo, ou pela falta de solidariedade e, mais uma vez, por esse desamor, alimentamos o sofrimento de Jesus.
Ainda hoje, no coração de quantos fiéis, tem Nosso Senhor que suportar essas alternativas, essas mudanças que balançam entre adorações e vitupérios, entre virtude e pecado? E estas atitudes contraditórias e defectivas não se passam apenas no interior de alma de cada homem, de modo discreto, no fundo das consciências: Em quantos países essas alternações se passam e Nosso Senhor tem sido sucessivamente glorificado e ultrajado, em curtos intervalos espaços de tempo?
Uma perda de tempo: não reparar as ofensas a Nosso Senhor
É pura perda de tempo nos horrorizarmos exclusivamente com a perfídia, fraude e traição daqueles que estavam presente na entrada de Jesus em Jerusalém.
Para nossa salvação será útil refletirmos também em nossas fraudes e defeitos. Com os olhos postos na bondade de Deus, poderemos conseguir a emenda e o perdão para nossas próprias perfídias. Existe uma grande analogia entre a atitude daqueles que crucificaram o Redentor e nossa situação quando caímos em pecado mortal.
Não é verdade que, muitas vezes, depois de termos glorificado a Nosso Senhor ardentemente, caímos em pecado e O crucificamos em nosso coração? O pecado é um ultraje feito a Deus. Quem peca expulsa Deus de seu coração, rompe as relações filiais entre criatura e Criador, repudia Sua graça.
E é certo que Nosso Senhor é muito ultrajado em nossos dias. Não pelo brilho de nossas virtudes, mas pela sinceridade de nossa humildade nós poderemos ter atitudes daquelas almas que reparam, junto ao trono de Deus, os ultrajes que a cada hora são praticados contra Ele. As lições do Domingo de Ramos nos convidam a isso. (JG)
Fontes:
Dom Eurico dos Santos Veloso - O significado do Domingo de Ramos - CNBB -29 de Março de 2010
Felipe Aquino - O significado do Domingo de Ramos - Vida Eclesial - 30/03/2007D. 
Javier Echevarría - Domingo de Ramos: Jesus entra em Jerusalém 
Plinio Corrêa de Oliveira - excertos
ramos-botton.jpg

fonte: www.arautos.org

sábado, 28 de março de 2015

Oficio de Nossa Senhora

OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO COM IRMÃ KELLY PATRÍCIA



A importância e responsabilidade dos pais na transmissão da fé


Os pais devem ser os primeiros catequistas dos filhos. São eles os principais responsáveis pela transmissão da fé aos filhos.
É importante que todos saibam o valor e a importância de cuidar também da vida espiritual da vida dessas crianças e adolescentes que nasceram para serem um dia cidadãos do céu.
Será que temos preocupado com a nossa vida espiritual e a vida espiritual de nossos filhos?
Assista a mensagem que o Prof. Felipe Aquino tem a dizer neste vídeo:

fonte:www.cleofas.com.br

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: ECCE HOMO

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Do Ecce Homo:

"Eis aqui o homem"


Por Sto. Afonso Maria de Ligório.


1. Pilatos, vendo o Redentor reduzido a um estado tão digno de toda a compaixão, pensou que a sua só vista comoveria os judeus e por isso, conduziu-o a uma varanda, levantou o farrapo de púrpura e, mostrando ao povo o corpo de Jesus coberto de chagas e dilacerado, disse-lhe: “Eis aqui o homem” (Jo 19,4). 


Ecce homo, como se quisesse dizer: Eis o homem que acusastes perante mim como se pretendesse fazer-se rei; eu, para Vos agradar, condenei-o aos flagelos, ainda que inocente. “Eis o homem, não ilustre pelo império, mas repleto de opróbrio” (St. Ag. Trac. 11 in Jo 6). Ei-lo reduzido a tal estado que parece um homem esfolado ao qual restam poucos instantes de vida. Se, apesar de tudo, pretendeis que eu o condene à morte, afirmo-Vos que não posso fazê-lo, porque não encontro motivo para o condenar. Mas os judeus, à vista de Jesus assim maltratado, mais se enfurecem: “Ao verem-no, os pontífices e ministros clamavam, dizendo: ‘Crucifica-o, crucifica-o’. Vendo Pilatos que não se acalmavam, lavou as mãos à vista do povo, dizendo: ‘Sou inocente do sangue deste justo: Vós lá Vos avinde’. E eles responderam: ‘Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos (Mt 27,23-26).
 

Ó meu amado Salvador, Vós sois o maior de todos os reis, mas agora eu Vos vejo como o homem mais desprezado, dentre todos: se esse povo ingrato não Vos conhece, eu Vos conheço e Vos adoro por meu verdadeiro rei e Senhor. Agradeço-Vos, ó meu Redentor, por tantos ultrajes por mim recebidos e suplico-Vos me deis amor aos desprezos e aos sofrimentos, já que Vós os abraçastes com tanto afeto. 
 
Envergonho-me de haver no passado amado tanto as honras e os prazeres, chegando por sua causa a renunciar tantas vezes à Vossa graça e ao Vosso amor; arrependo-me disso mais que de todas as coisas. Abraço, Senhor, todas as dores e ignomínias que vossas mãos me enviarem; dai-me aquela resignação de que necessito. Amo-Vos, meu Jesus, meu amor, meu tudo.

2. Assim como Pilatos daquela varanda mostrou Jesus ao povo, do mesmo modo e ao mesmo tempo o Eterno Pai nos apresentava do alto do Céu o seu Filho dileto, dizendo-nos igualmente:Ecce homo. Eis aqui esse homem que é meu Filho muito amado, em quem me comprazi (Mt 3,17).

Eis aqui o homem, Vosso Salvador, por mim prometido e por vós há tanto desejado. Eis aqui o homem, o mais nobre dentre todos os homens, tornado o homem das dores. Ei-lo, vede a que estado de compaixão o reduziu o amor que Vos consagra, e amai-o ao menos por compaixão. Contemplai-o e amai-o, ao menos vos movam essas dores e ignomínias que sofre por Vós. 
 

Ah, meu Deus e Pai de meu Redentor, eu amo Vosso Filho, que padece por meu amor, e eu Vos amo a Vós que com tão grande amor o entregastes a tantos tormentos por mim. Não Vos recordeis de meus pecados com os quais tantas vezes Vos ofendi e a Vosso Filho: “Olhai para a face de Vosso Cristo”, contemplai o Vosso Unigênito coberto de chagas e de opróbrios para pagar os meus delitos e por Seus merecimentos perdoai-me e não permitais que Vos ofenda jamais. “Seu sangue caia sobre nós”. 
 
O sangue desse homem, que Vos é tão caro, que por nós Vos roga e suplica compaixão, que desça sobre as nossas almas e lhes obtenha a Vossa graça. Odeio e amaldiçôo, ó Senhor, todos os desgostos que Vos dei e amo-Vos, bondade infinita, mais do que a mim mesmo. Por amor desse Filho, dai-me o Vosso amor, que me faça vencer todas as paixões e sofrer todas as penas que Vos agradar.

3. “Saí e vede, filhas de Sião, o rei Salomão com o diadema com que o coroou sua mãe no dia de suas bodas e no dia da alegria de seu coração” (Ct 3,11). Saí e vede o Vosso rei com a coroa da pobreza, com a coroa da miséria”, diz S. Bernardo (Serm. 2 de Epip.).

Oh, o mais belo de todos os homens, o maior de todos os monarcas, o mais amável de todos os esposos, a que estado está reduzido, todo coberto de chagas e de desprezos! Vós sois esposo, mas esposo de sangue (Êx 4,25), pois, por meio de Vosso sangue e de Vossa morte, quisestes esposar as nossas almas. Vós sois rei, mas rei de dores e rei de amor, pois a força de tormentos quisestes atrair os nossos afetos. 
 

Ó amantíssimo esposo de minha alma, oh! se eu me recordasse sempre do quanto padecestes por mim, não cessaria mais de Vos amar e agradar. Tende piedade de mim que tanto Vos custei! Em paga de tantas penas sofridas por mim, Vos contentais com meu amor; por isso eu Vos amo, ó Senhor infinitamente amável, eu Vos amo sobre todas as coisas, mas eu Vos amo pouco. Meu amado Jesus, dai-me mais amor, se quereis ser mais amado de mim. 
 
Desejo amar-Vos muito; eu, mísero pecador, deveria arder no Inferno desde o primeiro instante em que Vos ofendi gravemente; Vós, porém, me aturastes desde então, porque não quereis que eu arda nesse fogo desgraçado, mas no fogo bem-aventurado do Vosso amor. Este pensamento, ó Deus de minha alma, me abrasa todo no desejo de fazer quanto em mim estiver para Vos agradar. Ajudai-me, ó meu Jesus, e já que fizestes tanto, completai a Vossa obra, fazei-me todo Vosso.

4. Continuando os judeus a insultar o governador, gritando: “Tirai-o, tirai-o, crucificai-o”, disse-lhes Pilatos: “Então hei de crucificar o Vosso rei?” E eles responderam: “Nos não temos outro rei senão César” (Jo 19,15). Os mundanos, que amam as riquezas, as honras e os prazeres da terra, renegam a Jesus Cristo por seu rei porque Jesus neste terra não foi rei senão de pobreza, de ignomínia e de dores.
 

Se eles Vos rejeitam, ó meu Jesus, nós Vos elegemos por nosso único rei e Vos protestamos: Não temos outro rei senão Jesus. Sim, amável Salvador, “Vós sois meu rei”, sois e sereis sempre o meu único Senhor. De fato sois Vós o verdadeiro rei de nossas almas, pois as criastes e as remistes da escravidão de Lúcifer. “Venha a nós o Vosso reino”. Dominai, reinai, pois, sempre nos nossos pobres corações; que eles Vos sirvam sempre e Vos obedeçam. 
 
Que outros sirvam aos monarcas deste mundo com a esperança dos bens desta terra; nós queremos servir somente a Vós, nosso rei aflito e desprezado, com a única esperança de Vos agradar sem consolações terrenas. De hoje em diante, nos serão caras as dores e as injúrias que quisestes sofrer tantas por nosso amor. Dai-nos a graça de Vos permanecer fiéis e para isso dai-nos o grande dom de Vosso amor. Se Vos amarmos, amaremos também os desprezos e as penas que tanto amastes e nada mais Vos pediremos, além do que Vos suplica Vosso fiel e devoto servo S. João da Cruz:“Senhor, sofrer e ser desprezado por (amor de) Vós. Senhor, padecer e ser desprezado por (amor de) Vós”
 
Minha mãe Maria, intercedei por nós. Amém.
fonte: http://farfalline.blogspot.com.br/2015/03/ecce-homo-de-ligorio.html

sexta-feira, 27 de março de 2015

Quando termina a Quaresma? O que é o tríduo pascal?


Conheça melhor o sentido da liturgia para crescer espiritualmente

An eucharistic celebration in Lent - CIRIC_© Frederic CAPPELLE/CIRIC

Quaresma, caminho rumo à Pascoa da Ressurreição, começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, com a chamada “hora nona” da Liturgia das Horas.

Ou seja, dura até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive (carta apostólica Mysterii Paschalis, 28). O documento utiliza o termo “exclusive”, não “inclusive”. Então, a Quaresma não inclui a Missa da Ceia do Senhor.

Com esta missa, à tarde, começa o Tríduo Pascal, que é o coração do ano litúrgico. Não podemos esquecer que o costume judaico-cristão considera o início do dia desde a sua véspera; por este motivo, a Sexta-Feira Santa começa no final da Quinta-Feira Santa.

Na Missa da Ceia do Senhor, Ele antecipa sua paixão; por isso, na missa, se faz o memorial da morte e ressurreição de Jesus.

“O Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor, tem seu centro na Vigília Pascal e termina com as Vésperas do domingo da Ressurreição” (carta apostólica Mysterii Paschalis, 19).

A palavra “tríduo” sugere a ideia de preparação. Às vezes nos preparamos para a festa de um santo com três dias de oração em sua honra, ou pedimos uma graça especial mediante um tríduo deorações.

Quaresma é preparação, e o Tríduo Pascal se apresenta não como um tempo de preparação, mas como uma só coisa com a Páscoa. O tríduo é uma unidade e precisa ser considerado como tal; nele se dá a totalidade do mistério pascal.

unidade do tríduo está no próprio Cristo: quando Ele aludia à sua paixão e morte, nunca as dissociava da sua ressurreição.

O Evangelho fala delas em seu conjunto: “Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará” (Mt 20, 19).

A unidade do mistério pascal tem algo importante a nos ensinar: ela nos diz que a dor não somente é seguida pela alegria, mas que já a contém em si mesma.

O tríduo se refere também aos três dias aos quais Jesus se referiu quando disse: “Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias” (Jo 2, 19).

As diferentes fases do mistério pascal se estendem ao longo dos três dias, como em um tríptico: cada um dos três quadros ilustra uma parte da mesma cena; juntos, formam um todo. Cada quadro em si é completo, mas precisa ser visto em relação aos outros dois.

fonte:www.aleteia.org

quarta-feira, 25 de março de 2015

Anunciação de Nosso Senhor


Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da
Galileia, chamada Nazaré, a uma Virgem, prometida em
casamento a um homem chamado José....
Se nos fosse dado contemplar a imensidade dos possíveis de Deus, ou seja, o incontável número de seres que Ele poderia ter criadoAnunciacião do Senhor - Benvenuto Tisi - Galeria Nacional - Parma.jpgem sua onipotência, veríamos criaturas semelhantes às deste mundo, mas sem os seus característicos defeitos. Por exemplo, ouriços constituídos sem meios de causar mal aos homens; pernilongos lindíssimos dotados de uma picada agradável e benfazeja; urubus de figura tão elegante quanto os seus voos, e assim por diante.
Por que não pôs Deus no universo criaturas assim, sem qualquer defeito, as quais poderiam ter sido criadas e não o foram?
Pergunta esta de difícil resposta. O certo, porém, é que no universo no qual vivemos três criaturas são insuperáveis: a humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, unida hipostaticamente à divindade; a visão beatífica e Nossa Senhora.1 Todos os outros seres, considerados individualmente, poderiam ser mais perfeitos.
Ora, este mundo composto por criaturas com deficiências é, entretanto, ótimo no seu conjunto, como ensina São Tomás de Aquino: "O universo não pode ser melhor do que é, se o supomos como constituído pelas coisas atuais, em razão da ordem muito apropriada atribuída às coisas por Deus e em que consiste o bem do universo. Se apenas uma dessas coisas se tornasse melhor, a proporção da ordem estaria destruída, como a melodia de uma cítara ficaria destruída se uma corda se tornasse mais tensa do que deve".2
O universo criado por Deus tinha de ser o que mais O glorificasse, porque Ele não poderia ter escolhido criá-lo de forma nem um pouco inferior ao mais adequado. E tudo quanto nele existe de defectivo serve para o homem ter presente a sua debilidade, fraqueza e dependência contínua de Deus. Lembra-lhe, enfim, sua contingência. É deste mundo, com deficiências, que nós fazemos parte.
As considerações acima nos preparam para analisar o papel de Nossa Senhora na Criação, que é especialmente recordado na liturgia escolhida pela Igreja para a Solenidade da Anunciação do Senhor.
O "fiat" de Maria Santíssima
Sobre a conhecidíssima e tão comentada passagem evangélica da Anunciação, pareceria não haver nada de novo a dizer. Entretanto, como um vinho excelente apresenta aspectos diferentes em cada safra, assim também acontece com o magno acontecimento da Encarnação do Verbo, no qual sempre descobriremos novas e magníficas maravilhas.
As aparências não estão à altura do acontecimento
"Naquele tempo, 26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma Virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria".
Antes de entrar na análise da narração de São Lucas, é mister voltarmos nossa atenção para o local onde Se encontrava Maria Santíssima ao ser visitada pelo Arcanjo São Gabriel. Não se tratava de um magnífico palácio, como tantos artistas imaginaram, mas de uma casa muito modesta, com paredes de tijolos aparentes. Estava situada em Nazaré, uma cidade então insignificante, na qual a Sagrada Família viverá na pobreza, humildade e apagamento.
Não há neste episódio outros elementos cujas aparências estejam à altura do acontecimento que ali se daria, a não ser a presença da Virgem Maria, e também a de São José. Pois o elevadíssimo grau de santidade de ambos certamente transluzia em seus gestos, fisionomias e em todo o seu modo de ser.
No momento da Anunciação, Nossa Senhora rezava
28a "O anjo entrou onde Ela estava...".
O que fazia Maria Santíssima quando o anjo chegou junto a Ela? Sem dúvida, rezava, talvez considerando a desastrosa situação na qual se encontrava a humanidade. O povo judeu havia se desviado da prática da verdadeira religião e os pagãos, a começar pelos romanos, viviam numa tremenda decadência moral. Chegara-se ao que São Paulo chama "plenitude dos tempos" (Ef 1, 10).
É assim, com Maria Santíssima orando ao Pai recolhida no seu aposento, que São Bernardo descreve a cena da Anunciação, pondo em realce a importância da oração para Deus manifestar-Se. Pois uma coisa é evidente: as preces d'Ela comoveram os Céus: "A saudação do anjo, feita com tanta reverência, indica quanto as orações de Maria haviam agradado ao Altíssimo"3 - afirma o Doutor Melífluo.
Numa de suas meditações sobre a vida de Cristo, São Boaventura nos apresenta a jovem Maria levantando-Se à meia noite no Templo para fazer sete súplicas diante do Altar e rezando desta forma: "Eu Lhe pedia a graça de presenciar o tempo no qual haveria de nascer aquela Virgem Santíssima que daria à luz o Filho de Deus, de conservar-me os olhos para poder vê-La, a língua para louvá-La, as mãos para servi-La, os pés para ir aonde Ela mandar e os joelhos para adorar o Filho de Deus em seu regaço".4
Sua humildade A impedia de concluir quem haveria de ser essa Dama à qual desejava ardentemente servir, mas, possuindo ciência infusa e recebendo graças sobre graças, foi tecendo considerações até conceber em seu espírito, com total nitidez, a figura moral do Messias prometido. Maria "concebeu Cristo em sua mente antes de concebê-Lo em seu ventre", afirma Santo Agostinho.5
Ao ver iluminar-se o aposento por uma luz sobrenatural e aparecer diante d'Ela o Arcanjo São Gabriel, Maria não deu o menor sinal de espanto. Segundo vários autores, entre eles São Pedro Crisólogo e São Boaventura, Ela estava "habituada às aparições angélicas, as quais não podiam deixar de ser frequentes para Aquela que Deus havia cumulado de tantas graças, que reservava para tão altos destinos, e que os anjos reverenciavam como sua Rainha e a própria Mãe de Deus".6 Podemos, inclusive, conjecturar que o próprio São Gabriel não Lhe fosse desconhecido.
A graça crescia n'Ela a cada instante
28b"... e disse: ‘Alegra-Te, cheia de graça, o Senhor está contigo!'".
A expressão usada pelo Anjo para saudá-La tem um sentido muito profundo no qual vale a pena nos determos.
Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador da humanidade, é a única criatura que possui a plenitude absoluta de graça. Ele a teve desde o início, sem qualquer possibilidade de aumento. E quando o Evangelho afirma que Jesus "ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens" (Lc 2, 52), refere-se às manifestações exteriores de sua santidade. "Mas interiormente o tesouro de dons celestes,que O tornavam agradável a Deus, era tão perfeito que não podia crescer de maneira alguma".7
Não acontecia o mesmo com Nossa Senhora. Ao longo de toda a sua vida, foi incessante seu progresso espiritual, ora devido aos méritos sobrenaturais obtidos pela prática de incontáveis boas obras, ora como fruto da sua oração humilde, confiante e perseverante, ora,Anunciação por Manuel Alvarez - Museu Federic Marés - Barcelona.jpg no fim da sua existência, por efeito do Sacramento da Eucaristia. E isto sem falar dos incrementos de graça, de incalculáveis proporções, experimentados por sua alma no momento da Encarnação do Verbo, aos pés da Cruz e por ocasião de Pentecostes.8
Não houve, portanto, um instante no qual Ela não tivesse mais graça do que no anterior, como bem exprime Campana: "Em todos os momentos de sua vida, Maria foi penetrada por inteiro pelos raios divinos da graça; em cada minuto de sua existência, sua vontade mostrou-se dócil em render a Deus homenagem e glória; todas as pulsações de seu Coração foram sempre para Deus. [...] Essa ascensão de Maria rumo ao ideal de santidade era contínua, uniforme, sem solavancos, sem interrupção".9
Assim, quando o anjo A proclama "cheia de graça", indica estar sua alma participando da vida divina no maior grau possível naquele instante; mas um minuto depois essa plenitude já seria maior. E conclui o mesmo Campana: "Maria progredia em graça porque n'Ela se desdobravam sem cessar novas capacidades de graça, as quais eram logo preenchidas. Precisamente nisto consiste a diferença característica entre a plenitude de santidade de Maria e a de Jesus Cristo".10
Plenitude de superabundância
Com base no Doutor Angélico, Garrigou-Lagrange distingue três plenitudes de graça: absoluta, exclusiva de Cristo; de superabundância, privilégio especial de Maria; e de suficiência, comum a todos os santos.11 E explica o insigne teólogo dominicano: "Essas três plenitudes subordinadas foram justamente comparadas à de uma fonte inesgotável, à do rio que dela procede e à dos canais alimentados por esse rio para irrigar e fertilizar as regiões por ele atravessadas, ou seja, as diversas partes da Igreja universal no espaço e no tempo".12
Assim, desde o momento de sua criação, Maria Santíssima participou da vida divina mais do que todos os Anjos e todos os bem-aventurados juntos. A tal ponto, que se Ela lhes distribuísse todas as graças das quais cada um deles tivesse necessidade, nada Lhe faltaria, pois, "sob a forma de méritos, de orações e de sacrifícios, esse rio de graça remonta a Deus, oceano da paz".13 A plenitude da graça de Maria, afirma São Lourenço de Bríndisi, "só é compreensível para Deus, pois só Ele abarca o abismo imenso e o quase infinito pélago dessa graça".14
Causa da perturbação de Maria
29 "Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação".
A reação de Nossa Senhora mostra a profundidade do seu espírito. Dotada de ciência infusa, Ela entendeu perfeitamente o alcance da altíssima afirmação do anjo, considerando não apenas o significado imediato daquelas palavras, mas também suas consequências e correlações com o panorama da História.
Contudo, sendo cheia de graça, um dos seus predicados era a humildade mais excelsa. Em nada preocupada consigo mesma, todas as suas cogitações voltavam-se para Deus e a salvação da humanidade: Quando virá o Messias? Quando se dará a redenção?
A presença de São Gabriel não Lhe causou qualquer perturbação. Sua saudação, porém, deixou-A com um ponto de interrogação, pois não podia imaginar que aquelas palavras pudessem ser aplicadas a Ela. Conforme esclarece São Tomás: "A Bem-aventurada Virgem tinha uma fé expressa na Encarnação futura: mas, por ser humilde, não tinha tão alta ideia de Si mesma. E por isso era preciso que fosse informada a respeito da Encarnação".15
Medo de macular uma humildade ilibada
30 "O anjo, então, disse-Lhe: ‘Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus'".
Embora sem mancha de pecado original, Nossa Senhora foi criada em estado de prova e percebia com toda clareza a necessidade da vigilância. Temia aplicar a Si as palavras do Anjo e, cedendo em algo ao orgulho, acabar por ofender a Deus.
"Não tenhas medo, Maria" significava: "Não vos preocupeis, porque vossa humildade em nada será atingida". Com essas palavras, São Gabriel A exorta a ter confiança de que jamais sairá do reto caminho. Não em razão dos seus méritos. Ele não diz: "Não tenhas medo porque és forte", mas sim "porque encontraste graça diante de Deus".
E por que encontrou Ela graça diante de Deus?
A resposta, no-la dá São Bernardo: "Se Maria não fosse humilde, não desceria sobre Ela o Espírito Santo; e, se Este não descesse, Ela não conceberia pelo poder d'Ele. Pois como poderia conceber d'Ele sem Ele? É claro, portanto, que, para Ela conceber d'Ele, ‘o Senhor olhou para a humildade de sua serva' (Lc 1, 48) muito mais do que para a sua virgindade; e, embora tenha por sua virgindade agradado a Deus, foi pela humildade que concebeu".16
E nós também procedemos assim? Tomamos cuidado com a vaidade, como o fez Nossa Senhora nessa circunstância? Somos cientes de que um pensamento de orgulho consentido pode ser o ponto de partida para uma séria decadência na vida espiritual? Ou aceitamos com delícias qualquer elogio, real ou imaginário, que nos seja feito? O ato de virtude que Lúcifer e os anjos maus não praticaram no Céu, nem Adão e Eva no Paraíso Terrestre, Maria Santíssima o fez da forma mais perfeita possível. Que exemplo sublime Ela nos dá, a nós tantas vezes preocupados em obter honrarias devidas ou indevidas!
"Será chamado Filho do Altíssimo"
31"Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim".
Nestes três versículos, o Anjo indica as extraordinárias características d'Aquele que Nossa Senhora haveria de conceber. Elas estavam em perfeita harmonia com a Sagrada Escritura, a qual Maria Santíssima conhecia como ninguém, e com a rica imagem do Messias formada por Ela em seu espírito, ao longo dos anos.
Imaginemos qual seria a reação de uma jovem recém-casada daquele tempo, ao receber de um anjo a notícia de que o seu filho haveria de ser grande tanto na ordem sobrenatural: "será chamado Filho do Altíssimo", quanto na natural: "o Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai Davi". Impossível excogitar algo mais elevado!
Maria, entretanto, reage diante da comunicação do Anjo dando novas mostras de humildade heroica. São Gabriel lhe anuncia que será a Mãe do mais importante dos filhos de Israel: do próprio Messias! E Ela o ouve tranquila e serena, porque as suas preocupações estavam bem longe da glória pessoal.
Perplexidade diante do anúncio
34"Maria perguntou ao anjo: ‘Como acontecerá isso, se Eu não conheço homem algum?'".
Aqui resplandece a Fé de todo incomum de Nossa Senhora, ante o anúncio feito pelo Anjo. Ao ouvi-lo dizer "conceberás e darás à luzAnunciaciação por Perris Fontaines - Museu de Arte - Gerona.jpgum filho", reconhece tratar-se de fato de uma mensagem divina, e não põe obstáculo algum à sua realização. Porém, entre as graças dasquais Ela estava plena, reluzia um insuperável amor à virtude da castidade. Desposada com São José, combinou com ele manterem-se virgens por toda a vida.17 E é nesse sentido que se deve entender a expressão "não conheço homem algum". Podemos supor ter havido longas conversas entre Ela e São José a esse respeito, chegando à conclusão de ser claramente inspirado por Deus o voto de castidade feito por ambos. Mesmo com essa convicção bem arraigada na alma, Ela não duvidara das palavras de São Gabriel. Apenas apresenta-lhe sua perplexidade, visando conhecer mais a fundo como haveria de concretizar-se o desígnio divino.
Origem inteiramente sobrenatural do Verbo Encarnado
35 "O anjo respondeu: ‘O Espírito virá sobre Ti, e o poder do Altíssimo Te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível'".
Quem senão Deus, seu Criador, conhecia o amor extraordinário da Virgem Santíssima à virtude da pureza? Por isso Ele, que é a Delicadeza em essência, teve o cuidado de mandar o celeste mensageiro resolver com extraordinária elevação e reverência sua santa perplexidade.
Conhecendo por instrução divina o problema que a maternidade divina levantava n'Ela, o anjo Lhe mostra que, assim como havia concedido à sua prima Isabel conceber um filho na velhice, a Onipotência divina poderia fazê-La conceber sem concurso de varão. E Ela, resplandecente de sabedoria e inteligência, entende em toda a sua profundidade as explicações do Anjo e logo as aceita.
A origem inteiramente sobrenatural do Verbo Encarnado foi revelada naquele momento. Que considerações não deve ter feito Maria ao conhecer o alcance desse acontecimento! Maria gerou no tempo a mesma Pessoa gerada pelo Pai na eternidade
38 "Maria, então, disse: ‘Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em Mim segundo a tua palavra!'. E o anjo retirou-se".
A escravidão é o estado mais deplorável para uma criatura humana. Pelo Direito Romano, quem caía nessa situação era considerado coisa, res, perdendo todos os direitos próprios à pessoa humana. E quando a Virgem Maria disse: "Eis aqui a serva do Senhor", o fez com total consciência, colocando-Se por inteiro nas mãos de Deus, com absoluta confiança na sua liberalidade.
A partir desse ato de radical aceitação, todo ele feito de humildade e de fé, operou-se logo em seguida a concepção do Verbo Encarnado no seu seio virginal. Consideremos agora um aspecto particularmente comovedor desse fiat.
O Verbo de Deus foi gerado pelo Pai desde toda a eternidade. Conhecendo-Se a Si mesmo, Ele gerou um Filho eterno sem concurso de mãe alguma, de uma forma misteriosa que nossa inteligência não consegue compreender. Ora, logo após o consentimento da Virgem - "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra" -, o Espírito Santo iniciou n'Ela o processo de gestação do Verbo Encarnado. Ela tornou-Se Mãe sem concurso de pai natural.
Há, pois, entre o Padre Eterno e Maria Santíssima um paralelo de impressionante grandeza: ao considerar suas próprias magnificências, Este gera o Filho na eternidade; e Maria, pondo nas mãos de Deus sua própria contingência, gera o Filho de Deus no tempo!
Por ser a mais humilde de todas as criaturas, Nossa Senhora reproduz de algum modo a geração do Verbo na eternidade, ao dar origem na Terra à natureza humana de Nosso Senhor. O Pai criou todas as coisas no Verbo e pelo Verbo; pela Encarnação, Maria vai permitir ao Filho oferecer-Se em sacrifício ao Pai, para a recuperação de todas as coisas degradadas pelo pecado.18
O grandioso plano da Encarnação e da Redenção do gênero humano esteve na dependência desse fiat de Maria, porque se, por uma hipótese absurda, Ela não tivesse aceitado, não teria havido a Redenção.
A festa da harmonia no Universo
Como vimos no início deste artigo, Deus escolheu, entre infinitas possibilidades, criar o melhor dos universos, no qual tudo se ajusta em função de Nosso Senhor Jesus Cristo. Porque se Ele tivesse criado todos os seres no seu grau máximo de perfeição surgiria, paradoxalmente, uma tremenda deficiência, maior do que qualquer outra que possamos conceber: a do Verbo Encarnado não poder oferecer nada de Si para tornar mais elevada a Criação.
Devemos, portanto, nos alegrar com as nossas limitações e, em certo sentido, até com nossos pecados, pois eles permitem a Nosso Senhor exercer a misericórdia, derramando sobre nós, por meio de Maria Santíssima, aquilo que n'Ele existe em plenitude absoluta.
Porém, a fecundidade do Preciosíssimo Sangue de Jesus é tal que, ao reparar e perdoar, Ele não só nos restaura aquilo que perdemos, mas nos traz um complemento, dando-nos ainda mais do que anteriormente possuíamos. Dessa maneira, podemos alcançar, pela graça divina, aquilo que os seres mais perfeitos, se fossem criados, teriam por natureza.
Ora, foi a Virgem Maria, com sua disponibilidade e obediência, quem introduziu no cerne da Obra divina a Criatura cume e modelo arquetípico de tudo quanto existe, da Qual tudo deflui. Por isso, a Solenidade da Anunciação do Senhor celebra a restauração da harmonia no universo. É a comemoração do dia em que a Criação passou a transluzir com um brilho todo divino, pelos méritos de Maria Santíssima. (Monsenhor João Clá Dias, EP)
Anunciação do Senhor

fonte: www.arautos.org